quarta-feira, novembro 08, 2006

Loucos por danças

Gostava de participar num projecto assim. Uma escola melhor, mais integradora, mais participativa, mais viva. Um projecto como o que foi desenvolvido em algumas escolas do círculo de Nova Iorque e que levou meninos do ensino básico a conhecer o extraordinário mundo das danças de salão. O documentário Loucos por Danças (Mad Hot Ballroom) passou no domingo à noite a uma hora que a RTP deve considerar muito aceitável e que revela o tipo de sensibilidade que estes directores de programas têm. Depois da uma da manhã, a uma hora a que só alguns ainda resistem aos disparates que nos impingem e que só com muita paciência e a troco de programas verdadeiramente felizes, como o exemplo citado, se vai aguentando.


Meninos e meninas de meios sociais carenciados foram convidados a participar num projecto de aprendizagem e primeiro contacto com o mundo das danças de salão. As aulas eram dadas por professores de dança em associação com os professores dos meninos, que se deslocavam especialmente de propósito às escolas para os preparar durante dez semanas para um campeonato a realizar entre as escolas participantes no projecto. O que mais marca no documentário é o testemunho dos próprios adolescentes que, fascinados pelo poder sedutor das danças, são, no entanto, capazes de perceber claramente o essencial da função social a elas associada. Em discurso directo falam como se tornaram mais pacientes, mais meigos, mais homens e mulheres, como a dança os libertou do medo da rua, da droga, da violência lá de fora, onde não há espaço à ligação ao outro, porque se vive intimidado e com receio, com muito receio.

Ali, no salão, no ginásio da escola ou na sala maior, deixam-se seduzir pelos passos do Foxtrot, do Swing, da Rumba, Merengue ou Tango. Aprendem as regras, o ritual de aproximação e convite, a pose firme e sobranceira e crescem com mais auto estima. Uma aprendizagem em tom de brincadeira, na alegria pura e simples do baile, mas que terá repercussões para o resto das suas vidas. Munidos de uma indumentária colorida e propositadamente preparada para o campeonato, os elementos seleccionados debatem-se em aguerrida competição, num concurso de danças que não é sequer o mais importante. Muitas lágrimas derramadas no final, mas a vitória chegou muito antes, pela visão dos que levaram a dança e a música ao espaço que devia ser naturalmente seu, a escola.

De Campos



1 Comments:

At 08 novembro, 2006 21:30, Anonymous Anónimo said...

também vi o documentário e adorei!
ao mudar de canal fiquei surpreendida e continuei a ver.. foi um docinho de programa!
ver estes miúdos da geração 'hip hop' assim a dançar, delicados, elegantes, a tentar dar o seu melhor - delicioso!
pena o horário...
de campos 'tás cada vez melhor!
bjo

 

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