sexta-feira, outubro 05, 2007

O HUMOR

O humor é universal.

Todos gostamos de humor. De rir.

Rir é o primeiro acto de relações públicas de qualquer bebé.

A capacidade de rir de nós e dos outros é que nos distingue dos animais.

Porém, o humor tem muitos caminhos.

Pode ser absolutamente desconcertante:

Lembro-me há uns anos de ter ido ao cinema com um grupo de amigos.

Entramos apressadamente já no início da sessão e ao procurar o meu lugar descobri que não tinha bilhete.

Quando o “lanterninha” apareceu, inventei na hora: Falta uma cadeira nesta fila!

O homem ficou tão baralhado que me arranjou outro lugar!

Mas o humor vai mais longe.

Descartes dizia que o bom senso é a coisa do mundo melhor partilhada, pois que mesmo as pessoas mais difíceis não costumam desejar mais do que aquele que já possuem.

Tal atitude leva-nos a fazer as chamadas “figuras tristes”.

Trata-se de uma forma de humor inconsciente.

Ora, sendo este humor inconsciente, só consigo vê-lo nos outros.

Pois é, caro Filipe…

Dizes que praticas uma coisa a que chamas wakebord.

Nunca te vi nessa tarefa, nem tenho vontade.

Mas imagino…, pelas façanhas que inventas.

Acho apenas que se trata de um desculpa para andares a exibir os interiores, em cima de uma tábua e rebocado por uma traineira.

A sorte é que o fazes na zona protegida do Gerês.

Se fosse em zona de caça ainda levavas uma chumbada e acabavas como troféu de caça, pendurado na sala de algum caçador vesgo.

Mas o humor também é uma forma de ultrapassar os factos negativos.

Consegue transformar um drama numa comédia.

Há uns anos, fiz uma radiografia.

Enfiaram-me um tubo onde as costas perdem o nome e encheram-me de ar e de uma massa.

Preveniram-me que tal me provocaria uma forte vontade de … enfim, dá para imaginar.

Felizmente, não tive essa vontade.

Infelizmente, tive-a toda de uma vez, mal acabei o exame.

Indicaram-se a saída e eu avancei rapidamente para a porta que dizia WC.

Sempre mantendo a postura, fui adiantando serviço pelo caminho.

Ataquei o trono com mais desespero do que coragem. Tipo operação militar.

Iniciei as hostilidades com um ataque de artilharia pesada, seguido de granadas ofensivas e rajadas de metralhadora.

Só depois conseguir aquele ar angelical de alívio que apenas um local desta natureza nos permite.

Antes de ouvir mentalmente o «Allelujah» de Handel, resolvi dar uma olhadela em volta.

Constatei que quando me indicaram a saída, era mesmo a saída.

Tinha uma porta de entrada, por onde entrei, e uma de saída, que dava directamente para a sala de espera.

Infelizmente, o paciente anterior tinha deixado esta última aberta…



Fernando Vilas Boas

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