O HUMOR
O humor é universal.
Todos gostamos de humor. De rir.
Rir é o primeiro acto de relações públicas de qualquer bebé.
A capacidade de rir de nós e dos outros é que nos distingue dos animais.
Porém, o humor tem muitos caminhos.
Pode ser absolutamente desconcertante:
Lembro-me há uns anos de ter ido ao cinema com um grupo de amigos.
Entramos apressadamente já no início da sessão e ao procurar o meu lugar descobri que não tinha bilhete.
Quando o “lanterninha” apareceu, inventei na hora: Falta uma cadeira nesta fila!
O homem ficou tão baralhado que me arranjou outro lugar!
Mas o humor vai mais longe.
Descartes dizia que o bom senso é a coisa do mundo melhor partilhada, pois que mesmo as pessoas mais difíceis não costumam desejar mais do que aquele que já possuem.
Tal atitude leva-nos a fazer as chamadas “figuras tristes”.
Trata-se de uma forma de humor inconsciente.
Ora, sendo este humor inconsciente, só consigo vê-lo nos outros.
Pois é, caro Filipe…
Dizes que praticas uma coisa a que chamas wakebord.
Nunca te vi nessa tarefa, nem tenho vontade.
Mas imagino…, pelas façanhas que inventas.
Acho apenas que se trata de um desculpa para andares a exibir os interiores, em cima de uma tábua e rebocado por uma traineira.
A sorte é que o fazes na zona protegida do Gerês.
Se fosse em zona de caça ainda levavas uma chumbada e acabavas como troféu de caça, pendurado na sala de algum caçador vesgo.
Mas o humor também é uma forma de ultrapassar os factos negativos.
Consegue transformar um drama numa comédia.
Há uns anos, fiz uma radiografia.
Enfiaram-me um tubo onde as costas perdem o nome e encheram-me de ar e de uma massa.
Preveniram-me que tal me provocaria uma forte vontade de … enfim, dá para imaginar.
Felizmente, não tive essa vontade.
Infelizmente, tive-a toda de uma vez, mal acabei o exame.
Indicaram-se a saída e eu avancei rapidamente para a porta que dizia WC.
Sempre mantendo a postura, fui adiantando serviço pelo caminho.
Ataquei o trono com mais desespero do que coragem. Tipo operação militar.
Iniciei as hostilidades com um ataque de artilharia pesada, seguido de granadas ofensivas e rajadas de metralhadora.
Só depois conseguir aquele ar angelical de alívio que apenas um local desta natureza nos permite.
Antes de ouvir mentalmente o «Allelujah» de Handel, resolvi dar uma olhadela em volta.
Constatei que quando me indicaram a saída, era mesmo a saída.
Tinha uma porta de entrada, por onde entrei, e uma de saída, que dava directamente para a sala de espera.
Infelizmente, o paciente anterior tinha deixado esta última aberta…
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