quinta-feira, julho 27, 2006

Ruídos

Ou estou a ficar paranóico, à medida que caminho para os ...entas, ou então, o ambiente que me rodeia, ele próprio, enlouqueceu de vez. Passo a explicar, a escolha de um sítio para morar não é tarefa fácil e quando nos decidimos a procurar um apartamento, eu e a minha mulher, longe estávamos de pensar que a tarefa seria fácil. Era notícia corrente, há uns bons cinco anos, que o mercado de habitação em Braga era ainda pujante, com preços muito competitivos e casas para todos os gostos. Pusemo-nos a caminho, depois de muitos pesquisas pelos anúncios dos jornais e sugestões de uma dezena de imobiliárias. De tudo vimos um pouco e a solução que nos pareceu na altura mais próxima do nosso ideal e projectos de vida não estava assim longe do centro da cidade, mas ainda resguardada por uma periferia que nos parecia rural e tranquila.

Estou a falar de Gualtar, que animado pela omnipresença da Universidade, crescia a um ritmo irregular, não sabendo muito bem o que fazer à pacatez das suas casas antigas de azulejo, quintais e hortas povoados por animais de cerca, servidos por ruelas empedradas, mal iluminadas, que se viam agora invadidos por prédios modernos acastanhados, rasgados por ruas pavimentadas em alcatrão negro, iluminadas por um clarão de luz alaranjado. Opção tomada, instalámo-nos de malas e bagagens, equipando pouco a pouco a casa a que queríamos chamar lar. Não há obviamente lugares perfeitos e o nosso lugarzinho a que chamamos lar tem as suas pequenas irritantes imperfeições. Das várias que tive obrigatoriamente que registar, dada a incidência persistente, há um leque delas que se insere num denominador comum, ruídos.

De natureza variada, eles penetram pelas janelas e paredes do apartamento, não se importando absolutamente nada com a grossura das vigas ou com a espessura dos vidros ou calhas duplas. Do princípio do Inverno ao final do Outono, os ruídos assolam a casa, perturbando para além do limite do razoável o sossego do lar. A título de exemplo, comecemos pelo mês de Janeiro, como em toda a freguesia que se preze deste Minho de festas e romarias, somos brindados por mais de duas semanas de tortura ruidosa, feita por um megafone colocado estrategicamente na torre da Igreja da freguesia. Anunciando antecipadamente a festa de S. Brás, o megafone vai debitando ao longo da semana os seus decibéis distorcidos, distribuindo um cocktail de pretensa música para todos os gostos: pimba, popular e religiosa. No fim-de-semana ainda temos que aturar um iluminado que anuncia a festa com música gravada de sábado e domingo, não parando sequer para almoço, tendo feito a promessa a S. Brás de azucrinar a cabeça dos pobres dos moradores que escolheram esta “idílica” freguesia para viver com sons arrepiantes de um folclore atípico e esganiçado. A cereja em cima do bolo é composta por uma rufada de foguetes, sabiamente cronometrados, que do alto da encosta brindam o vale com estrondos avassaladores às horas mais oportunas, i.e., à meia-noite e bem de manhãzinha. Um deitar e acordar perfeito! Como a lista de ruídos que registei é imensa, mais artigos desta natureza se seguirão aqui no blogue. Há provavelmente ruídos bem piores que os da minha vizinhança, mas estes são os que eu gravei no meu desassossego e sobre eles discorrerei. Gostava, no entanto, de ressalvar, que é bom morar em Gualtar e que não voltaria atrás, se pudesse, na decisão de viver a leste de Braga.

De Campos

4 Comments:

At 27 julho, 2006 11:25, Anonymous Anónimo said...

Concordo plenamente. Vivo em Gualtar e torna-se hilariante (mas quase a chegar ao desespero) as festas da nossa freguesia, ou da freguesia vizinha!!! Já não sei. deixa chegar o Agosto... e o melhor é sair para férias:-)

 
At 27 julho, 2006 18:05, Anonymous Anónimo said...

Amiguitos...
e nogueira??? durante o verão podemos ouvir o fogatear das festas e romarias das terrinhas em redor....
Já para não falar dos domingos e dias santos em que somos obrigados a ouvir e a acordar, com a "surpreendente" selecção musical da torre da Igreja

 
At 27 julho, 2006 22:33, Anonymous Anónimo said...

deixa-te de cenas, anda para a póvoa do mar!

 
At 28 julho, 2006 15:08, Anonymous Anónimo said...

A palavra é de prata e o silencio é de ouro!!!!

bem... depende... há silencios constrangidos, desconfiados, abafados, envergonhados, penetrantes...

Na QuartaFeira,no meio daquela algazarra toda, o silencio era... hilariante!

Tenho k dar a mão à palmatória: por mais que os outros dias da semana fiquem intimidados com o resplendor com que a TURMA DE SEXTA invade, se apropria do espaço, escolhe os melhores dançantes e as moçoilas mais apetecíveis, eu cá tenho me divertido muito, com o comportamento humano.

Entre A TURMA DE SEXTA e a corte de Luis xiv, não sei o k escolhia... (bem, na corte só havia um bôbo... fico com A TURMA DE SEXTA!)

um salva de canhões, meia hora de fogo pegado, 100 hurras e 1 sussurrante e doce chamego ao silêncio comprometedor! hihihihi

Um abraço para A TURMA DE SEXTA

http://tangonatanga.spaces.msn.com

 

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