sexta-feira, julho 14, 2006

Sentir-se Bem

É verdade ou não que quando vamos para a aula de danças sentimos imediatamente uma felicidade incomensurável? Que mesmo antes da aula começar, já sofremos levemente de ansiedade, como a raposa à espera do pequeno príncipe. Que andamos a semana toda a trabalhar como loucos e a pensar que já faltou mais para o baile de sexta ou para o baile de qualquer dia da semana. Que as duas horas de entretenimento no baile passaram a correr e que chegámos ao fim com uma sensação vazia no estômago. Cansados, pois então, transpirados em bica, mas muito mais felizes e realizados! E é ou não verdade que quando regressamos ao mundo do trabalho, parecem os problemas diários bem mais pequenos, bem menos sérios?

A psicóloga espanhola Maria Jesus Alava Reyes foi entrevistada sobre estas questões pela revista Xis do Público na edição de 1 de Julho de 2006. Os seus pensamentos foram igualmente publicados na obra da sua autoria traduzida para português: A Inutilidade do Sofrimento. Vale a pena transcrever algumas considerações da psicóloga acerca do sofrimento humano, das expectativas quanto ao trabalho e realização pessoal:

» As situações laborais são muito difíceis, muito precárias. A competitividade é enorme, com muitas horas de trabalho, muito mal pagas. O desgaste é forte e a satisfação é pequena. É importante que olhemos estas fases como períodos de transição, como épocas que nos darão experiência e que darão lugar a uma situação um pouco melhor, num futuro próximo. O problema é quando a situação se arrasta durante muitos anos. Aí o problema agrava-se.


Torna-se necessário que perspectivemos a vida e os seus valores de uma forma diversa. O trabalho não tem de ser o factor mais importante na nossa vida. Há que “relativizar” a importância do trabalho. Se pensarmos que o trabalho é o núcleo central da nossa vida e se esse trabalho é muito stressante, então a maior parte das pessoas sentir-se-á muito insatisfeita. Temos de olhar para as condições da nossa vida e pensar, apesar dessas condições, como nos podemos sentir melhor. Centrarmo-nos mais na busca de uma qualidade de vida no quotidiano, que não se centre no sucesso profissional, pois se esse sucesso nunca chegar, podemos irmo-nos abaixo. Por vezes, os objectivos que as empresas põem aos empregados são impossíveis de atingir. Há que manter a consciência de que estamos a fazer um bom trabalho para que nos possamos sentir bem. E há que estabelecer uma “balança de valores” para a vida. “O que é mais importante para mim? Ter um trabalho de maior importância mas que me tira horas infindáveis de vida e me traz muito stress, ou um trabalho que não seja tão “importante” mas que me permita ter mais vida pessoal e familiar?”. O grande desafio de hoje é esse: a conciliação da vida profissional e pessoal. Muitas pessoas com êxito profissional não têm vida pessoal. Isso é um fracasso. «
In Xis, 1/07/2006.

4 Comments:

At 14 julho, 2006 09:23, Anonymous Anónimo said...

Ora aí está!
Que melhor satisfação que depois de um dia de muito calor, de trabalho muito chato, pensar "Não dou mais um passo!!", mas aquele bailarico geral chama-va por mim. E lá vou, dar um pezinho de dança, rir, conversar e dar muitos mais passos do que eu sonhava conseguir!
Parabéns mais uma vez pela inigualável qualidade do blog, visita obrigatória de início de mais um dia de trabalho!!!

 
At 14 julho, 2006 11:04, Anonymous Anónimo said...

Muita boa mesmo esta publicação!!
A edição deste Blog não pára de me surpreender!!

 
At 14 julho, 2006 11:36, Anonymous Anónimo said...

Ruizinho.. estiveste (estás sempre) muito bem!!!! a semana só fica preenchida depois de dançarmos...
E como quem dança por gosto não cansa, ficamos a contar os dias até ao proximo Baile e a semana passa melhor.
Adorei o artigo.

Parabéns
Célita V.

 
At 14 julho, 2006 13:59, Anonymous Anónimo said...

Muito bom artigo, assim como o blog em geral... parabéns!
E de facto é inegável que as danças podem ser o veículo que nos transporta para longe do stress do dia-a-dia que nos angustia e fragiliza - para mim, é-o certamente, apesar do muito recente ingresso nestas lides. A perspectiva do próximo bailarico, seja em forma de aula ou não, ajuda a relativizar todas as "chatices" e a encarar os dias com um piscar de olho mais traquina. Contagem decrescente até ao próximo...

 

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