quarta-feira, julho 19, 2006

Gotas de Suor

Aproveito estas linhas para fazer uma confissão pública: gostava de transpirar menos quando danço! Fico verdadeiramente danado quando me desloco, como habitualmente, para o baile e chegando lá, sou o único com um autêntico arsenal atrás de mim. Passo a explicar, a minha preparação para o baile demora, no mínimo, três quartos de hora. Primeiro tenho que cuidadosamente escolher a T-Shirt a vestir como reforço interior, depois o pólo mais apropriado a condizer com as calças Chino e, antes, de as vestir, tenho de ter o cuidado de revestir todo o meu corpinho com uma bela loção de desodorizante, tudo com o propósito único de evitar que o dilúvio de suor despolete cedo demais no salão de baile.

Depois há que pensar na mochila e no seu conteúdo vital para o desenrolar do serão dançante. Um dos objectos essenciais é, está claro, uma garrafa de água de litro e meio, sem a qual dificilmente sobreviveria a uma noite de baile. Melhor que seja água pura e simples, sem qualquer aditivo, para não ter que suar mais! Nunca em quantidade inferior a litro e meio, já cometi o erro uma vez e, não fosse o bar de apoio às danças, morria nessa noite desidratado! Em noites de baile mais puxadas, nem a garrafa de oxigénio de litro e meio me safa e lá tenho que cravar água a alguém, se por acaso o bar de S. Adrião se encontra por essa altura fechado. Entre os passos novos que vamos aprendendo e a dança na íntegra, com o respectivo convite da donzela mais próxima, a garrafinha de litro e meio vai fazendo maravilhas e umas quantas goladas parecem ser uma lufada de ar fresco para os pulmões ofegantes.

Objecto de grande valor acrescentado é também a toalha de pugilista, anti-transpiração, que uso nas danças de salão. Tenho duas de cores diferentes, uma verde tropa e outra azul violeta. Procuro combiná-las com as cores predominantes do meu conjunto pólo/chinos dessa noite, mas nem sempre resulta. A verdade é que, cores à parte, sem a dita toalhinha eu estava feito ao bife! Logo depois do aquecimento, que varia normalmente entre uma Valsa vienense e um Cha Cha Cha, as gotas de suor começam a ser mais que abundantes no meu corpo. E do cintilar tímido da testa, as gotas passam a jorrar abundantemente por todo o corpo, de tal modo que, se não fosse a formalidade do baile eu não hesitaria em tirar o pólo e a T-Shirt em pleno salão para cuidar da drenagem das gotas e secagem do suor. Assim, mais limitado que estou, restrinjo os meus gestos de purificação a um enxugar firme e consistente da fronte, bem como a uma massagem vigorosa por todo o couro cabeludo, ou o que dele me resta. O alívio sentido é imediato mas é sol de pouca dura, já que nos próximos instantes terei de convidar uma donzela para bailar e terei de me esmerar ao máximo das minhas capacidades.

A frustração maior é reservada para a parte final do baile! Por muito que eu me prepare, concertando toalha, garrafa de água com T-Shirts e pólos, a tempestade acaba por assolar o meu corpo dançante e nada escapa ao nível de humidade entretanto atingido. Tudo à minha volta é sopa, pólo numa lástima, de ensopado que está, calças chino irreconhecíveis, cobertas por uma piscina de suor no traseiro e poças de suor a darem o ar de sua graça, nas pernas e nos joelhos, toalha completamente molhada da frequente utilização, garrafa de água vazia, e, finalmente, vestígios da minha passagem por todo o lado, com o chão em parquet salpicado por uma chuva de suor emanado do meu corpo. E o pior de tudo é que elas não me acusam, nem se afastam em repulsa, riem-se simplesmente e continuam a dançar comigo como se nada fosse, apesar de eu repetir insistentemente que não reúno mais condições para dançar! O que pensarão elas?

De Campos

7 Comments:

At 19 julho, 2006 10:36, Anonymous Anónimo said...

Olá!
Realmente nunca vi ninguem assim,até a minha filha acha graça ao teu suor...
Mas as tuas competências como dançarino compensam o teu suor.
beijos

 
At 19 julho, 2006 10:50, Anonymous Anónimo said...

Contra factos não há argumentos...mas sempre puderás dizer: "Soy un hombre caliente!"...

 
At 19 julho, 2006 11:03, Anonymous Anónimo said...

Amiguito... o etu suor já faz parte do teu charme natural... e a verdade é que ao dançar ninguém dá conta. o prazer de dançar contigo supera :-)

 
At 19 julho, 2006 17:02, Anonymous Anónimo said...

Sugestão:
Vai dançar para a Antártida.

 
At 19 julho, 2006 19:59, Anonymous Anónimo said...

Das duas uma: ou ficamos quietos, sem dançar, com a alma a roer-se toda, mas sequinhos...
Ou então!!! saltamos para a pista, transpiramos animação, suamos vontade... Dançamos como se não houvesse amanhã!
bj, smbta

 
At 21 julho, 2006 01:31, Blogger de Campos said...

Pessoal obrigado pelas dicas mas francamente para a Antártida, ainda se fosse para os trópicos, podia ser que com o calor derretesse ainda mais ao ponto de ficar sequinho sequinho!

 
At 24 julho, 2006 02:46, Anonymous Anónimo said...

A beleza de um bom espectáculo de danças está nos aplausos...

Imagino-me sempre, numa triunfante demonstração, em que (supostamente) me envergonho dos aplausos... O brilho! As cores! O sorriso dos outros...

As nódoas negras, o lastimável suor, as cãimbras, a escoliose da PDI, e afins, guardo-as sempre em segredo... O bom dançante tem como primeira obrigação, fazer parecer, que tudo é fácil... se me tivessem dito que ia destilar, gastar riosde dinheiro e jantares, sapatos e afins, eu nunca tinha aprendido a dançar!

Fica a dica e, obviamente, um abraço para A TURMA de sexta...

 

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