quinta-feira, setembro 07, 2006

O legado moderno

Os primeiros passos da dança moderna foram dados em 1812 quando a pose moderna fez a sua aparição nos bailes de salão europeus, na Valsa. Há alguma divergência de opinião quanto à origem da Valsa. Os franceses pretendem-na associar à Volta, uma dança às voltas em três tempos e que veio para a Provença oriunda da Itália, algum tempo antes de Arbeau escrever a sua Orchesographie onde é descrita em pormenor. Hoje em dia é mais habitual associar as origens da Valsa aos estados do sul da Alemanha, onde foi primeiro observada em 1780. No início do século dezanove a Valsa teve que enfrentar uma oposição séria. Na Inglaterra, por exemplo, surgiu um partido Anti-Valsa, as mães proibiam-na e todo o salão de baile se tornou num cenário de luta e contenção. Alguns até versos escreviam contras os homens encontrados a valsar com as suas amantes:

“O quê! A rapariga que adoro por outro abraçada!

O quê! O bálsamo da sua respiração por outro homem provado?

O quê! Pressionada na dança pelo joelho de outro homem!

O quê! A ofegar reclinada sobre outro que não eu!

Senhor, ela é sua; Vós pressionastes da uva o seu mais belo azul,

Do botão de rosa sacudistes o trémulo orvalho;

O que tocastes podeis tomar, linda valsista – adeus!”


O desenvolvimento seguinte em direcção ao que denominamos dança moderna aconteceu de 1840 em diante, quando várias novas danças apareceram nos bailes de salão, incluindo a Polka, a Mazurka e a Escocesa. Simultaneamente generalizou-se a tendência para abandonar todos os passos decorativos como os entrechats e os ronds de jambs. No entanto, só em meados do século vinte é que uma nova forma de dançar a música de valsa, conhecida na altura como o Boston e o aparecimento do Rag trouxeram nova vida a uma arte estagnada. Estas inovações apelavam a uma geração mais nova que estava cansada da eterna Valsa rápida tocada por muitas orquestras húngaras e, assim, as danças de salão tiveram um novo aroma fresco de vida. A geração mais nova que dançava nos clubes antes da Guerra de 1914 revoltou-se contra a técnica artificial dos professores antigos com as suas cinco posições e os movimentos “bonitos”. Com o devir da Primeira Guerra Mundial, a rebelião contra as velhas instituições foi liderada pelos próprios dançarinos, não pelos professores, e introduziu um estilo mais livre e à vontade baseado mais ou menos nos movimentos naturais utilizados no caminhar. O aparecimento do Foxtrot em 1914 deu asas a esta rebelião e condenou ao desaparecimento a técnica antiga.

Victor Silvester, Modern Ballroom Dancing (Ebury Press 2005, pp. 10-12)

Traduzido e adaptado por

De Campos

1 Comments:

At 11 setembro, 2006 15:18, Anonymous Anónimo said...

O meu sincero apoio a artigos relativos a artigos e teoria das diferentes Danças!!!
E ninguém melhor que tu para o fazer!!!
Beijinhos, Vânia

 

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