quarta-feira, dezembro 13, 2006

Imprevistos

Um cavalheiro deve estar preparado para o que der e o que vier. Assim reza o ditado! Na verdade, os imprevistos fazem parte do mundo das danças de salão e não é por se aprender algumas figuras de trás para a frente, dominando bem os passos aprendidos, que um cavalheiro se permite pensar como está imbatível e seguríssimo de si que até já se atreve olhar com sobranceria desde a pista do salão para um público imaginável, quase dizendo, sou campeão. O egocentrismo não deve ser cultivado com excessos, fica bem uma pose arrebatadora, uma expressão facial compenetrada e algo distante, que acompanhe o movimento sublime do resto do corpo. A pista do salão, quando encarada como um palco, ajuda à execução das figuras da dança com outra essência, interpreta-se a música e dá-se um colorido mais forte aos passos.

Era assim que eu me sentia na passada sexta-feira. O baile corria de feição, sentia-me no centro do palco e dava azo a distintas personalidades, acompanhando as donzelas o melhor que sabia, mas sempre com um ar altivo, seguro e inquebrável. Já na recta final da aula de danças de salão, apareceu uma menina familiarizada com alguns dos presentes e que se sentou a apreciar o resto que faltava da aula. A Vera continuava num ritmo e disciplina únicos, a ensinar os poucos alunos que nessa sexta se dignaram a aparecer para o baile. Seguia-se um género mais ritmado e eu, que já tinha dançado com todas as donzelas presentes, fiz-me rogado e convidei para meu par do Cha Cha Cha final a menina que assistia à parte final da aula.

Da audiência vinham sorrisinhos e algumas advertências, vai com calma, pois é de iniciação e ainda não sabe muitos passos! Bastaram simplesmente três segundos da bendita música para perceber imediatamente que não estava diante de uma iniciada mas sim de uma profissional das danças de salão! Comecei a transpirar em bica, suores frios que anunciavam muita adrenalina, mas lá fui conduzindo o meu par por entre figuras que agora me pareciam labirintos complicados sem saídas muito óbvias. Mais complicado tudo se tornou ao querer comandar e simultaneamente estar completamente fascinado pelas figuras impecavelmente executadas pela dançarina. O final do Cha Cha Cha veio demasiado depressa, ficou a certeza do pouco que sei, mas a satisfação de ter dançado com um par de competição, um regalo para os amantes da belíssima arte das danças de salão! Obrigado Ivana.

De Campos

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