sexta-feira, março 02, 2007

O Baile

Uma comédia dançante

Acto I

Cena I

(continuação)

Rosário: É verdade que as paragens são miseráveis, mas na cidade, à custa da publicidade o município sempre vai deixando que as empresas de mobiliário urbano, como se gostam de auto-apelidar, se instalem e montem umas paragens todas envidraçadas, com espaço a triplicar para a publicidade. É disso que elas vivem, os bancos da paragem podem ser mínimos, mas o consumidor tem que gastar a eternidade do tempo de espera com alguma coisa e a publicidade está sempre a rolar! (...)

Desisti do serviço público do autocarro quando comecei a chegar tarde à empresa. As desculpas já não serviam, comprei o carro, mas continuo a ter dificuldades para ser pontual, tenho que me levantar na mesma cedo, as filas de carros são cada vez maiores e nunca encontro sítio para estacionar. Deixo o carro a vinte minutos e vou a pé. Não é o que a sociedade portuguesa de cardiologia aconselha? Faço um pequeno exercício, o pior é quando chove e faz muito frio! Preferia o autocarro se da minha zona a oferta fosse maior. Tudo era diferente se criassem vias só para autocarros, as que há são mera operação de cosmética! Era preciso deixar o autocarro ir a todo o lado e impedir a circulação de mais veículos em ruas do centro da cidade. Só o autocarro verde e bicicletas, amigos do ambiente.

Conceição: Em Portugal não resulta, São! Não viste o que fizeram nas vias novas da cidade, pistas para bicicletas, um balúrdio em dinheiro para cimentar ainda mais, e o resultado? Nem viva alma! Entretanto, os reflectores catitas que puseram metro a metro e a separar a pista da via desapareceram, estão virados do avesso, foram vandalizados! Também não admira que ninguém vá para lá de bicicleta, as subidas são a pique.

Rosário: Noutras zonas da cidade mais planas podiam simplesmente traçar uma linha branca no chão, como fazem em Amesterdão ou noutras cidades do centro da Europa, com um ou outro sinal vertical a alertar para a circulação de velocípedes. E no centro, onde os fontanários e as rotundas são colossais e agora virou moda criar zonas pedonais, nem que seja por cima de parques de estacionamento ou viadutos, era fácil pintar o chão com listas brancas... Não há vontade! A bicicleta continua a ser encarada simplesmente como um brinquedo giro de verão ou de fim-de-semana solarengo!

(continua)

De Campos

1 Comments:

At 02 março, 2007 20:12, Anonymous Anónimo said...

Uma comédia rolante!!

 

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