quinta-feira, maio 10, 2007

Dançar a doer

Sempre pensei que a dança fosse um bálsamo e longe de mim pensar alguma vez que a dança pudesse estar relacionada com a dor, com o sofrimento. Fiquei, por isso, horrorizado ao ler um artigo no jornal Expresso sobre as incríveis dores que acompanham os bailarinos de dança clássica ao longo da vida. Foram entrevistadas bailarinas de renome nacional e que testemunhavam uma vida feita de idas ao médico, ao fisiatra, ao terapeuta porque o mal infligido na coluna, nos pés, nos joelhos era insuportável.

“Ana Lacerda tem 34 anos e uma história difícil de imaginar para quem a vê em palco. «Sabemos que ser bailarino implica ‘deformações’, que naturalmente vão acontecer por causa do trabalho, porque as posições são ‘contranatura’. São opostas ao que deve ser a postura certa, com as pernas e as ancas em rotação para fora, que é a posição ‘en dehors’. Há pessoas que têm mais facilidade do que outras. O nosso trabalho é ir para o palco e não mostrar que está doer.» Os anos passaram, e agora Ana Lacerda afirma que já não consegue dançar sem dores. «É uma constante na vida do bailarino», diz. «Fui tratando com anti-inflamatórios, mas dei cabo do estômago, e com o tempo há dores crónicas que já não passam.» Estas histórias têm sempre um começo. Nestes casos, desde pequeninas. Uma criança que sonha em vestir um tutu e dançar de pontas a pensar no imaginário das princesas, ou uns pais que sonham com esse mesmo mundo para os filhos. Mas esta não é uma vida como as outras. E a aprendizagem da dança clássica tem implicações que põem em risco a saúde e para as quais todos devem estar alertados.” (In Expresso, Suplemento Actual, 28 Abril 2007, p. 5)


De Campos



2 Comments:

At 10 maio, 2007 15:36, Anonymous Anónimo said...

Penso que o prazer que retiramos de determinada actividade supera todos os aspectos negativos, e faz-nos continuar.
Neste caso, ao prazer de dançar junta-se uma enorme força de vontade dos bailarinos, que felizmente não desistem e nos proporcionam momentos únicos de uma das mais belas formas de arte: o Ballet Clássico.

 
At 09 julho, 2009 20:36, Anonymous Anónimo said...

O Ballet Clássico não é nem tem teor de ser fácil! Facto é que se necessecita gostar muito de Ballet para suportar tanta dor, e como consequência as deformações que o corpo vai tomando ao longo dos anos da práctica desta dança. Á partida quem sonha ser bailarina vai desde logo ter de pensar que a vida própria vai ficar muito para trás, as horas que são necessárias para dispensar a esta dança, não coincidem com apenas as 8 horas diarias! É com imenso gosto que danço Ballet, é como um sonho realisado, um sonho que foi criado ao longo de vários anos! Neste momento o que me dá mais praser é estar em cima do palco, dançar e não pensar em mais nada, pois no final temos o grande e sublime gosto dos aplausos!!!

 

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