segunda-feira, janeiro 15, 2007

La Milonga

(continuação)

As pessoas que iam chegando pareciam se conhecer, eram talvez frequentadores assíduos da Milonga. Mergulhado no gozo mirone dos pares que dançavam o tango argentino, nem reparei na ausência intuitiva do meu companheiro. Logo o Artur voltou para a mesa quadrada, mas parecia ansioso. Pouco depois percebi porquê. Levantou-se num ápice e convidou uma das bailarinas para um tango. Ela era uma mulher alta e com um vestido longo preto. Das dançarinas na pista, pareceu-me ser a que melhor dançava, ou tão só, a que mais emoção entregava aos passos. O meu amigo esmerou-se e conduziu-a com determinação e seguro das lições aprendidas. Pude constatar que vinha contente por ter dado uns pezinhos de tango. Sentou-se de novo e bebeu mais um pouco de chá.

Junto à entrada do bar aglomeravam-se agora mais tangueros e todos pareciam cumprimentar um par em especial. Aproximei-me do balcão do bar para ver melhor. Afinal, era esse o motivo principal da nossa vinda ao Porto, falar com a Alexandra Baldaque, mestra de tango argentino. Tinha já me cruzado com a Alexandra numa outra ocasião e por isso não foi difícil iniciar a conversa. O Artur logo se aproximou e foi-nos apresentado o Fernando, o seu par de tango argentino. A conversa teve como propósito fulcral, organizar uma oficina de tango em Braga para iniciados e curiosos. Não quisemos demorá-los demasiado e depois de tudo combinado, regressámos aos nossos lugares de vigia. A milonga ficou sem dúvida mais colorida e com mais vida com a presença do par por nós esperado. Dançaram com cumplicidade e paixão e o pouco espaço existente foi aproveitado por eles até ao limiar dos pés das cadeiras. Uma verdadeira lição de tango!

O regresso a Braga, a bom tempo ainda de jantar, foi divertido. Comentámos a milonga e fizemos planos para o futuro. Para já, segue-se a oficina de tango pelo par de mestres Alexandra e Fernando em Fevereiro e em Braga e que será inevitavelmente promissor! Despeço-me, enquanto desfruto do cancioneiro do Astor Piazzolla na caixa de Pandora da Internet.

De Campos

1 Comments:

At 15 janeiro, 2007 21:18, Anonymous Anónimo said...

Isto de ir a uma Milonga, parece digno das historias de Sherlock Holmes.... ou para os mais literatos: dos livros de David Lodge!

 

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