quinta-feira, setembro 21, 2006

A Valsa antes da Guerra de 1914

No início do século vinte, a dança moderna estava a tomar forma e muito da sua evolução dependeria das condições existentes nas grandes cidades da altura. Antes de 1914 não havia o equivalente ao salão de dança moderno. Os primeiros “Palais” modernos de dança surgiram depois e marcaram a diferença das velhas assembleias populares não só pelo seu tamanho e equipamento, mas também pelo seu programa. O “Palais” propunha um programa actualizado com uma orquestra moderna em vez de um programa composto por danças em sequência e tocado por uma “Banda Quadrille” nas velhas assembleias. Havia também numerosos clubes de dança. Não eram clubes na verdadeira acepção do termo, pois não eram proprietários dos imóveis, mas utilizavam os grandes salões de baile. Cada um destes clubes era na realidade uma série de danças semanais ou bissemanais com uma inscrição a cobrir o tempo praticado. Era nestas danças que se encontravam os melhores dançarinos do tempo e onde se apreciava as bandas mais famosas a tocar a música mais actual.

No início do século vinte a Valsa era suprema. Desde que foi introduzida nos bailes de Londres sofreu muitas alterações, a maioria das quais de natureza volátil como em finais da década de 1840, quando durante algum tempo a valse à deux temps estava na moda. Depois surgiram as valsas saltitantes, as valsas lentas e mesmo outras mais ortodoxas. Em geral, os passos da valse à trois temps, descritos por Carlo Blasi em 1830, permaneceram com pequenas modificações. Se em 1910 a música de Valsa era suprema, a velha valsa rotativa lutava pela vida e surgia uma disputa entre os velhos senhores do baile e a geração mais nova da altura sobre como a música devia ser interpretada pelos dançarinos. Deve ser recordado que nesta altura só nas assembleias populares e nas academias é que a Valsa era tocada de forma lenta. Em todos os outros lugares, nas danças particulares, nas danças com inscrição, nos bailes regionais e nos clubes de dança, a música era tocada a um ritmo elevado. A disputa ostensiva entre as duas facções girava em volta de adoptar ou não a Valsa rotativa para esta música rápida ou a forma mais rectilínea de valsar denominada Boston.

Na Boston, os pares apoiavam-se à moda americana da altura, anca com anca. A senhora estava à direita do homem e ambos os pés se encontravam afastados do seu par. O ritmo ou a duração relativa do tempo na Boston não era dactílico (longo, curto, curto) como na Valsa mas todos os três passos eram de duração igual. Os seis passos necessários para a volta completa ocupavam dois tempos da música – o dobro do tempo exigido na valsa rotativa. Os passos eram dados cobrindo a superfície total dos pés quanto possível. A Boston desapareceu logo a seguir a 1914, depois de uma carreira curta mas meteórica.

Victor Silvester, Modern Ballroom Dancing (Ebury Press 2005, pp. 15-18)

Traduzido e adaptado por

De Campos

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