terça-feira, outubro 28, 2008

A última dança

Finalmente a minha série preferida no canal dois está de volta. Refiro-me ao Earl e à sua família de bem dispostos. Nesta nova temporada a cruzar o ecrã todos os dias à hora de jantar, o propósito é o mesmo e único: compensar as pessoas da lista infindável do Earl, que de alguma forma se cruzaram com ele em tempos. No último episódio que eu vi, o Earl tem pela frente na lista Josh, um rapaz pacato que Earl tinha aldrabado no passado. Há um pequeno problema, quando o Earl se decide a compensá-lo, ele morre de forma repentina e absurda: esmagado numa cama que recolhe na vertical contra a parede. Depois de ser atormentado em sonhos pela voz da consciência na pessoa do Josh, o Earl decide dar ao falecido um funeral condigno, uma vez que não há sinal de familiares ou amigos por perto. Na agência funerária escolhida, o funeral clássico está fora de moda e os defuntos têm direito a reviver as glórias do passado. Assim, um morto aparece totalmente vestido para um jogo de futebol americano e postrado em frente ao ecrã de televisão, ou então, outro numa linha de fogo, como soldado de guerra. Quando o Earl insiste num funeral mais normal, o agente funerário oferece-lhe o pacote 3, que inclui caixão em madeira, flores, velório e o salmo 23. O único problema é que não há ninguém para celebrar o funeral. Então o Earl decide convidar a malta e alguns sem abrigos. O resultado é catastrófico e o funeral parece mais uma festa louca com muita cerveja, erva e meninas à mistura. Desiludido, o Earl decide inspeccionar melhor a casa do falecido Josh e encontra ali a resposta para o fiasco do funeral. Aparentemente o Josh tinha uma vida dupla, uma segunda vida virtual e uma rede infindável de amigos na internet. Os amigos do poker, do clube de culinária, dos jogos de guerra. E não é que todos são convocados pelo Earl para um último adeus ao Josh. O estranho isolamento do indivíduo é afinal compensado por uma rede global extensa de amigos com muitos e sólidos interesses em comum. Um pouco como nós aqui neste cantinho da rede e a paixão incontrolável pelas danças.

segunda-feira, outubro 20, 2008

Pés andantes, Pés dançantes


Não é todos os dias que damos valor aos nossos pés. É preciso muitas vezes passar por experiências dolorosas para reflectir sobre o real valor dos pés. De facto, eles não são só o suporte de toda a nossa estrutura, mas principalmente o garante de uma deslocação estável e segura para o nosso corpo. Hoje os pés são desprezados e encontram-se demasiado tempo entrecruzados, encaixados um no outro, em repouso forçado na cadeira ou, então, são substituídos na sua verdadeira função por rodas mais potentes e velozes. Já não se passeia a pé, passeia-se de carro, mesmo para percursos incrivelmente pequenos. Os passeios para pedestres deram lugar a largas vias para automóveis. Nas cidades portuguesas os passeios são frequentemente inexistentes ou inacabados. Não é raro dar com passeios que terminam de forma súbita numa berma que já só tem espaço para a estrada e para os carros, esses que não hesitam em galgar desenfreadamente o espaço de quem anda.

Quanto a mim, continuo a preferir um belo passeio a pé, não só porque me apercebo de tudo à volta mais facilmente, como também me dou conta de pormenores que de outra forma me passariam completamente ao lado. Há também uma outra vantagem, para além dos benefícios físicos, que é a predisposição para a meditação ou reflexão enquanto se caminha. Tudo combinado faz do caminhar o movimento mais natural, o mais humano e o mais belo. Mesmo quando a poluição dos carros nos afasta do ar livre e nos empurra para as passadeiras dos ginásios, vale a pena. Podemos sempre esperar pelo baile de sexta e experimentar diferentes andares em diferentes géneros de dança. Em último recurso, uma caminhada na mata do Gerês, como a que fiz no passado domingo, em grupo. Os pés foram submetidos a tratamento de choque, a caminhada só terminou passadas quatro horas e meia e quase vinte kms percorridos, mas os níveis de endorfina foram elevadíssimos. A caminhada proporcionou um conjunto único de bons ingredientes: um contacto próximo com a mãe natureza, boas conversas pelo caminho que se foi fazendo andando e, por último, o valorizar dos pés, que, apesar de doloridos, se aguentaram firmes para a função que foram destinados: andar. Uma certeza no final fica, se os pés não forem treinados para a sua função essencial, das duas uma, ou acabamos como os gordos intergalácticos do filme Wall-E de Andrew Stanton, prescindindo dos pés e encarcerados em cadeiras rolantes, ou, então, resta-nos pedir subsídio no ministério para o andar desalinhado, desarticulado e pateta, como nesta cena dos Monty Python:

http://www.youtube.com/watch?v=IqhlQfXUk7w







segunda-feira, outubro 13, 2008

De regresso ao básico



Desde as primeiras aulas com o Monsieur Armando que a tónica foi sempre aprender novos passos lentamente, repetidamente e simultaneamente recordar os passos antigos até à exaustão. Pode parecer estranho estar num nível intermédio de comando coreográfico de passos e figuras e passar um bom tempo em exercícios básicos, repetindo-os insistentemente. Os esclarecimentos do professor ao longo das sessões só agora começam a surtir maior impacto, interiorizado que começa a estar pela turma da necessidade de um maior aprofundamente de todos os passos até agora aprendidos. Assim, para quem vem de fora e assiste ao baile, não é difícil encontrar os pares em voltas e círculos no salão, em passos base, treinando os passos base da Valsa, do Samba ou do Cha Cha Cha. No último baile o massacre foi na Rumba, caminhando progressivamente à volta do salão (Progressive Walks) e depois esculpindo o leque (Fan) pacientemente. Talvez espreitando este último passo base pelos talentosos Slavik e Karina, outros campeões mundiais, compreendam melhor do que estou a falar!

segunda-feira, outubro 06, 2008

Pela dança todo o sacrifício

De volta ao blogue depois de quase um mês de ausência, julgo ser mais adequado começar por falar do baile que é o centro das atenções nesta página: o baile de sexta. Completamente renovada a turma, caracteriza-se no início desta quarta época dançante pela pluralidade de proveniências. Apesar de nunca ter sido um baile de paróquia, o salão reunia no passado pares da proximidade, curiosos da cidade de Braga, de Guimarães ou Famalicão. Hoje, os tempos são outros e as origens dos amantes da dança de salão são mais dispersas. Será que o sacrifício da longa viagem de muitos que se deslocam desde Celourico de Basto, Porto ou Ponte de Lima compensa? Do que me apraz ver, nem é preciso perguntar, só a presença assídua ao baile todas as sextas diz tudo. O brilho nos olhos, a vontade férrea de dançar a todo o custo, a simpatia e a alegria contagiantes dos corpos em movimento completam o cenário. No final, a longa viagem de regresso a casa, extenuados, mas renovadamente vivos, oxigenados no corpo e na alma! Para vocês, que sacrificam tantos kilómetros pela dança, o meu obrigado. Pelo vosso exemplo de paixão desmesurada, brindo e deixo-vos com um pequeno presente. Os passos aparentemente simples que o Monsieur Armando tanto insiste, em todos os géneros e ultimamente mais no Samba, estão aqui bem representados na magia do Bryan Watson, campeão do mundo uma série de vezes, e Carmen Vincelj: Samba Whisks, Promenade Samba Walks, Corta Jaca, Bota Fogo, Travelling, Volta e Reverse Turn.


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