segunda-feira, julho 31, 2006

Terraço Maravilha

Sem as aulas de danças de salão, a malta anda por este Verão desorientada. Com o propósito de dar um sentido à vida um grupo de foliões juntou-se neste passado fim-de-semana para celebrar as danças! Um baile improvisado num terraço maravilha que fez as delícias de todos os que por lá passaram. Só mesmo o céu foi o limite e enquanto os restos dos convidados não chegavam iam-se ensaiando passos de tango, num salão magnífico, com umas vistas desmedidas! A festa era para ser toda de branco e o par dançante ilustrado aqui respeitou os requisitos, enchendo o salão terraço com um tango estival feito de puro fresco branco!

A alegria estava estampada nos rostos. Só ver para crer! Dava gozo apreciar aquela trupe toda reunida só para dançar um pouquinho mais, nem que fosse num terraço. Mas este não era um terraço qualquer, mas um terraço maravilha, habituado ao mais belo dos requintes, sábio na arte de bem receber, encheu o negro da noite com o mais puro branco, todo ele feito de alegria e muita, mas mesmo muita dose da mais pura e branca amizade!

As dançarinas estavam eufóricas naquela noite de Verão. Embaladas por sonhos estivais, pulavam de alegria junto do berço da Titânia, qual fadas madrinhas de Um sonho de uma noite de Verão. Ansiavam pelo seu Lisandro e Demétrio, mas eles sem vir. Eis que da floresta dos encantos surge vestido de branco Oberão, o Rei das fadas, o Rei do Mambo, o Rei de todas as artes mágicas, capaz de transformar o mais sincero dos amores em paixões irrequietas e avassaladoras! Oberão brilhou nessa noite e não tardava em anunciar o que as meninas mais desejavam!

Enquanto Oberão tardava em aparecer, Hérmia e Helena bailavam juntas, num terraço caiado de branco, numa parada L desmistificada de preconceitos, na mais pura e branca inocência. Um par magnífico, embalado pelos ritmos sensuais da Rumba, que deixou o público ao rubro com novos e excitantes passos: tonturas e moinhos! Depressa esqueceram os seus amantes, Lisandro e Demétrio, para se entregarem por completo à Rumba e às danças brancas de uma noite inesquecível!

sexta-feira, julho 28, 2006

Dança comigo

As minhas passagens/lições do meu filme favorito….

“Dança comigo”….

Isto de não ter aulas de dança (em férias) dói, não ter aquele momento da semana em que se vai dançar, em que se faz “turn-off” da corrida diária e das mil e uma coisas a fazer (ou que achamos que temos que fazer)! Para suavizar a dor aqui estou eu a escrever esta coluna e confesso: sou um fanático pelas danças, as aulas fazem-me falta e estou completamente viciado!!!!!!!!


Para ajudar a arrumar a ideias estou a ver “Dança Comigo” numa pequena janela no meu computador. Curioso que vi este filme há vários anos, mas passou-me completamente ao lado e se alguém me perguntasse qual era o meu filme favorito, eu diria, sem dúvida: “Era uma vez na América”. Uma obra-prima de realização em filme, com passagens por três épocas, sobre alguém que poderia ter tido tudo na vida e esse tudo lhe passou ao lado... é um filme terrivelmente nostálgico. “Dança Comigo”, pelo contrário, é sobre alguém que tem tudo na vida, é feliz mas ainda assim procura uma felicidade maior, dançando. Fiquem com algumas passagens (as minhas, claro) deste filme fabuloso que é “Dança comigo”:


“O meu sonho é poder dançar livre e orgulhoso.”

“A tua postura diz-me que tens andado a dançar…”

“Devem ser 5 horas de treino para 1 hora de aula… as danças de salão são tudo ou nada…”

“Se pensa que vem dançar para me engatar, não venha…. dance só se gosta mesmo…”

“A dança começa com os sentimentos do dançarino…”

“A Rumba é a dança do amor…”

“A Rumba é a expressão vertical de um desejo horizontal. Tem que a agarrar (sua parceira de dança) como se a pele dela fosse a razão da sua existência. Largue-a como se lhe arrancassem o coração do peito. Puxe-a de novo como se fosse fazer amor com ela aqui mesmo na pista de salão. E acabe como se ela o tivesse arruinado para toda a vida…”

“Você é a moldura (homem). Ela é o retrato na sua moldura… Tudo o que você faz (dançando), é para exibi-la …”

“Depois comecei a dançar e descobri que gostava e que me fazia realmente feliz!...”

“Não te mexas (não dances) a não ser que o sintas…”

“…a tua vida não passará despercebida, porque testemunhá-la-ei….” (sobre viver e amar alguém para a vida toda)

Artur Cavaco Paulo

quinta-feira, julho 27, 2006

Ruídos

Ou estou a ficar paranóico, à medida que caminho para os ...entas, ou então, o ambiente que me rodeia, ele próprio, enlouqueceu de vez. Passo a explicar, a escolha de um sítio para morar não é tarefa fácil e quando nos decidimos a procurar um apartamento, eu e a minha mulher, longe estávamos de pensar que a tarefa seria fácil. Era notícia corrente, há uns bons cinco anos, que o mercado de habitação em Braga era ainda pujante, com preços muito competitivos e casas para todos os gostos. Pusemo-nos a caminho, depois de muitos pesquisas pelos anúncios dos jornais e sugestões de uma dezena de imobiliárias. De tudo vimos um pouco e a solução que nos pareceu na altura mais próxima do nosso ideal e projectos de vida não estava assim longe do centro da cidade, mas ainda resguardada por uma periferia que nos parecia rural e tranquila.

Estou a falar de Gualtar, que animado pela omnipresença da Universidade, crescia a um ritmo irregular, não sabendo muito bem o que fazer à pacatez das suas casas antigas de azulejo, quintais e hortas povoados por animais de cerca, servidos por ruelas empedradas, mal iluminadas, que se viam agora invadidos por prédios modernos acastanhados, rasgados por ruas pavimentadas em alcatrão negro, iluminadas por um clarão de luz alaranjado. Opção tomada, instalámo-nos de malas e bagagens, equipando pouco a pouco a casa a que queríamos chamar lar. Não há obviamente lugares perfeitos e o nosso lugarzinho a que chamamos lar tem as suas pequenas irritantes imperfeições. Das várias que tive obrigatoriamente que registar, dada a incidência persistente, há um leque delas que se insere num denominador comum, ruídos.

De natureza variada, eles penetram pelas janelas e paredes do apartamento, não se importando absolutamente nada com a grossura das vigas ou com a espessura dos vidros ou calhas duplas. Do princípio do Inverno ao final do Outono, os ruídos assolam a casa, perturbando para além do limite do razoável o sossego do lar. A título de exemplo, comecemos pelo mês de Janeiro, como em toda a freguesia que se preze deste Minho de festas e romarias, somos brindados por mais de duas semanas de tortura ruidosa, feita por um megafone colocado estrategicamente na torre da Igreja da freguesia. Anunciando antecipadamente a festa de S. Brás, o megafone vai debitando ao longo da semana os seus decibéis distorcidos, distribuindo um cocktail de pretensa música para todos os gostos: pimba, popular e religiosa. No fim-de-semana ainda temos que aturar um iluminado que anuncia a festa com música gravada de sábado e domingo, não parando sequer para almoço, tendo feito a promessa a S. Brás de azucrinar a cabeça dos pobres dos moradores que escolheram esta “idílica” freguesia para viver com sons arrepiantes de um folclore atípico e esganiçado. A cereja em cima do bolo é composta por uma rufada de foguetes, sabiamente cronometrados, que do alto da encosta brindam o vale com estrondos avassaladores às horas mais oportunas, i.e., à meia-noite e bem de manhãzinha. Um deitar e acordar perfeito! Como a lista de ruídos que registei é imensa, mais artigos desta natureza se seguirão aqui no blogue. Há provavelmente ruídos bem piores que os da minha vizinhança, mas estes são os que eu gravei no meu desassossego e sobre eles discorrerei. Gostava, no entanto, de ressalvar, que é bom morar em Gualtar e que não voltaria atrás, se pudesse, na decisão de viver a leste de Braga.

De Campos

quarta-feira, julho 26, 2006

Se tu viesses

Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avizinha,
E me prendesses toda nos seus braços...

Quando me lembra: esse sabor que tinha
A tua boca... o eco dos teus passos...
O teu riso de fonte... os teus braços...
Os teus beijos... a tua mão na minha...

Se tu viesses quando, linda e louca,

Traça as linhas dulcíssimas dum beijo
E é de seda vermelha e canta e ri

E é como um cravo ao sol a minha boca...
Quando os olhos se me cerram de desejo...
E os meus braços se estendem para ti...

Florbela Espanca

(Poesia eleita por Célia Oliveira)

terça-feira, julho 25, 2006

Sem Palavras! Retrato III

A Sambita já cá foi alvo da nossa curiosidade, com uma entrevista reveladora de uma grande paixão e loucura pelas danças de salão. Esta nova entrevista é curta no discurso, mas palavras para quê quando se é dona de um imenso poder mimético, de uma expressão facial impressionante, o ponto de partida para uma presença nos salões de baile esmagadora. A determinação com que dança horas a fio é a mesma com que percorre montes e vales em prol das danças de salão. A semana de trabalho corre para a Sambita por vezes demasiado lenta e quando a sexta-feira chega, grita de emoção desde o teclado do computador, entupindo as caixas de correio dos amigos com ideias para o fim-de-semana. Não perde um baile de sexta, diverte-se à brava, quase sem tempo para dormir e é mesmo difícil aos companheiros de farra acompanhar o ritmo frenético desta diva das danças!

Consideras-te um fenómeno explosivo no panorama das danças de salão em Braga?

É difícil renunciar a uma noite de sofá e chinelos por algo mais agitado como um baile?

Como seria a tua vida sem Samba, sem Bailes de Salão?

O que gostarias de dizer aos cavalheiros que anseiam sambar contigo?

Estás pronta para ser a próxima Rainha do trio eléctrico em Braga?



segunda-feira, julho 24, 2006

Isto dos filmes…

Já aqui no Blogue temos falado de filmes que recomendamos.

É sempre um prazer passar uma tarde, ou uma noite, no cinema a ver um bom filme… ou então reunir os amigos ou os amantes numa boa sessão de cinema lá em casa.

E isto dos filmes tem que se lhe diga… Ou nos levam para um universo fantástico cheio de efeitos especiais, ou nos fazem chorar com beijos românticos e finais felizes.

Há uns tempos, encontrei na Net um sítio dedicado a gafes e erros de filmes.

www.falhanossa.com

Ok, isto deve ser giro, pensei.

E não é que era mesmo…

Por vezes nem nos apercebemos dos erros bem graves nos filmes que vemos…

Bem, isto dos filmes afinal até pode ser bem divertido… se virmos com atenção e se nos dermos ao cuidado de “ver” com olhos de “ver”.

Por exemplo, o filme “Gladiador”. História fantástica, interpretação fabulosa e… um erro abismal numa das cenas.

Em plena corrida no Coliseu, podemos ver uma botija de gás num dos veículos.

Gás?????

Sim uma botija de gás que foi usada para impulsionar o veículo numa queda.

O site www.falhanossa.com, contabiliza cerca de 140 erros neste filme. Impressionante, não acham?

Bem… passemos ao romance.

“your here, there’s nothing I fear….”

E lá estamos nós completamente envolvidos num amor avassalador, ao som de Celine Dion, com o mar em volta, no “Titanic”.

Até que numa das cenas mais românticas do filme, quando o Leonardo diCaprio impede que a Kate se atire do navio… outro erro!

Lembra-se dessa cena? Ele fala-lhe de um lago com águas geladas que havia na terra onde ele nasceu. Lembram-se? Pois bem.

Trata-se de um lago artificial em Wisconsin, perto de Chippewa Falls. Só que esse mesmo lago só existe desde 1917, ou seja, 5 anos depois do Titanic ter afundado…. Estranho, não?

Neste filme podemos encontrar mais de 240 erros, segundo o sítio “Falha Nossa”.

Como estes exemplos, existem muitos mais que justificam uma visita a este espaço virtual. Desde erros cronológicos a gaffes de imagem, lá podemos encontrar de tudo.

É uma forma diferente de olharmos o cinema… fica a sugestão.

Célia Oliveira

sexta-feira, julho 21, 2006

Escapadelas

Bom, o fim-de-semana aproxima-se a passos largos (hurra!) e, de repente, a questão mais que óbvia: como vou ocupar o meu tempo? Uma alternativa reconfortante e retemperadora era dormir 24 sobre 24 horas, mas já não faço dessas maratonas desde os meus tempos de estudante, para dizer verdade, nunca o fiz, mas quase. Não me parece, no entanto, que essa seja a solução mais produtiva. Também podia passar o fim-de-semana a rever o DVD que comprei de iniciação às danças de salão. Por sinal, ainda hei-de dedicar um artigo à pequena maravilha, que me ensinou, entre muitas outras coisas, a dominar melhor a Valsa inglesa. Todavia, só de pensar nas danças de salão fico logo de cabelos em pé quando penso no terrível mês de Agosto e a pausa de um mês. Apelo a toda a comunidade do blogue que se una e juntos encontraremos uma ou mais que uma solução para o impasse das férias. Sei lá, um jantar em qualquer restaurante com suficiente espaço para dançarmos, tipo, eles dão-nos de comer e de beber e nós levamos a música e as danças naturalmente! Também pensei que podíamos um destes dias, numa bela noite de verão, organizar uma festa com direito a archotes, velas e tudo, ao ar livre, e bailar, bailar, bailar... o problema é sempre onde, porque o resto é fácil, malta, música e danças quanto baste!

De volta aos planos de fim-de-semana, o melhor é mesmo não fazer grandes planos! Para o serão de sexta há sempre muitas opções, mas uma que, sem dúvida, é irresistível, está mesmo pertinho, na Casa das Artes, em Famalicão, pelas 22 horas. Lizz Wright, uma nova diva americana do Jazz & Blues, está em Portugal e na Casa das Artes para promover o seu último trabalho: Dreaming Wide Awake. Lizz cresceu na Geórgia rural, no seio de uma família religiosa e em 2003 surpreendeu o mundo do Jazz com actuações fabulosas em Chicago e Los Angeles. Como a cantora descreve o seu recente álbum revela bem que estamos perante uma estrela em ascensão: “A música vive naquele lugar onde qualquer coisa pode ser vivida. Pode-se tornar numa afirmação diferente noutras mãos que não as minhas. O facto de poder ser transmitida de mão para mão é algo de belo, quase espiritual. Significa coisas diferentes em lugares diferentes. Eu compus este disco como se não houvesse história. Eu era apenas uma voz e adorei.” Mais informações sobre a cantora em www.lizzwright.net.

Para sábado à noite temos baile na Trofa com o Sensei Filipe e alguma malta de S. Adrião que se queira juntar à folia que para aquelas bandas animará o serão. O baile promete ser muito animado e concorrido também pela escola de danças de salão dos grupos formados na Trofa. Para mais informações, contactem pessoalmente o Filipe, para o telemóvel, que vos dará todas as indicações necessárias.


O serão de domingo promete algo de radicalmente diferente. Longe da loucura de sábado, uma proposta mais relaxante tendo como pano de fundo a Igreja Românica de S. Pedro de Rates na Póvoa de Varzim. Pelas 21h45 actuará o agrupamento de música antiga La Reverdie, enquadrado no 28º Festival Internacional de Música da Póvoa de Varzim. Desde o seu nascimento em 1986 que este agrupamento tem deslumbrado a Europa e o mundo com os sons medievais do alaúde, da cítara, da flauta, da viola e do canto, revitalizando a música antiga e dando a conhecer ao público novas obras, dramas litúrgicos da Idade Média, entretanto, descobertos e reconstruídos por este agrupamento. Eu não vou faltar. Lá estarei naquela magnífica Igreja medieval onde o som ecoa e navega como um barquinho embalado pelas ondas do mar! Os bilhetes podem ser adquiridos directamente no Posto de Turismo da Póvoa. Mais informações sobre o agrupamento em www.lareverdie.com.

quinta-feira, julho 20, 2006

Os Amigos

Um dia... Um dia a maioria de nós irá separar-se. Sentiremos saudades de todas as conversas jogadas fora, das descobertas que fizemos, dos sonhos que tivemos, dos tantos risos e momentos que partilhámos. Saudades até dos momentos de lágrimas, da angústia, das vésperas dos finais de semana, dos finais de ano, enfim... do companheirismo vivido.

Sempre pensei que as amizades continuassem para sempre. Hoje não tenho mais tanta certeza disso. Em breve cada um vai para seu lado, seja pelo destino ou por algum desentendimento, segue a sua vida. Talvez continuemos a nos encontrar, quem sabe... nas cartas que trocaremos. Podemos falar ao telefone e dizer algumas tolices... Aí, os dias vão passar, meses... anos... até esse contacto se tornar cada vez mais raro. Vamo-nos perder no tempo... Um dia os nossos filhos verão as nossas fotografias e perguntarão: “Quem são aquelas pessoas?” Diremos... que eram nossos amigos e... isso vai doer tanto! “Foram meus amigos, foi com eles que vivi tantos bons anos da minha vida!” A saudade vai apertar bem dentro do peito. Vai dar vontade de ligar, ouvir aquelas vozes novamente...


Quando o nosso grupo estiver incompleto... reunir-nos-emos para um último adeus de um amigo. E, entre lágrima abraçar-nos-emos. Então faremos promessas de nos encontrar mais vezes daquele dia em diante. Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a viver a sua vida isolada do passado. E perder-nos-emos no tempo... Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo: não deixes que a vida passe em branco, e que pequenas adversidades sejam a causa de grandes tempestades...

Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!

Fernando Pessoa


quarta-feira, julho 19, 2006

Gotas de Suor

Aproveito estas linhas para fazer uma confissão pública: gostava de transpirar menos quando danço! Fico verdadeiramente danado quando me desloco, como habitualmente, para o baile e chegando lá, sou o único com um autêntico arsenal atrás de mim. Passo a explicar, a minha preparação para o baile demora, no mínimo, três quartos de hora. Primeiro tenho que cuidadosamente escolher a T-Shirt a vestir como reforço interior, depois o pólo mais apropriado a condizer com as calças Chino e, antes, de as vestir, tenho de ter o cuidado de revestir todo o meu corpinho com uma bela loção de desodorizante, tudo com o propósito único de evitar que o dilúvio de suor despolete cedo demais no salão de baile.

Depois há que pensar na mochila e no seu conteúdo vital para o desenrolar do serão dançante. Um dos objectos essenciais é, está claro, uma garrafa de água de litro e meio, sem a qual dificilmente sobreviveria a uma noite de baile. Melhor que seja água pura e simples, sem qualquer aditivo, para não ter que suar mais! Nunca em quantidade inferior a litro e meio, já cometi o erro uma vez e, não fosse o bar de apoio às danças, morria nessa noite desidratado! Em noites de baile mais puxadas, nem a garrafa de oxigénio de litro e meio me safa e lá tenho que cravar água a alguém, se por acaso o bar de S. Adrião se encontra por essa altura fechado. Entre os passos novos que vamos aprendendo e a dança na íntegra, com o respectivo convite da donzela mais próxima, a garrafinha de litro e meio vai fazendo maravilhas e umas quantas goladas parecem ser uma lufada de ar fresco para os pulmões ofegantes.

Objecto de grande valor acrescentado é também a toalha de pugilista, anti-transpiração, que uso nas danças de salão. Tenho duas de cores diferentes, uma verde tropa e outra azul violeta. Procuro combiná-las com as cores predominantes do meu conjunto pólo/chinos dessa noite, mas nem sempre resulta. A verdade é que, cores à parte, sem a dita toalhinha eu estava feito ao bife! Logo depois do aquecimento, que varia normalmente entre uma Valsa vienense e um Cha Cha Cha, as gotas de suor começam a ser mais que abundantes no meu corpo. E do cintilar tímido da testa, as gotas passam a jorrar abundantemente por todo o corpo, de tal modo que, se não fosse a formalidade do baile eu não hesitaria em tirar o pólo e a T-Shirt em pleno salão para cuidar da drenagem das gotas e secagem do suor. Assim, mais limitado que estou, restrinjo os meus gestos de purificação a um enxugar firme e consistente da fronte, bem como a uma massagem vigorosa por todo o couro cabeludo, ou o que dele me resta. O alívio sentido é imediato mas é sol de pouca dura, já que nos próximos instantes terei de convidar uma donzela para bailar e terei de me esmerar ao máximo das minhas capacidades.

A frustração maior é reservada para a parte final do baile! Por muito que eu me prepare, concertando toalha, garrafa de água com T-Shirts e pólos, a tempestade acaba por assolar o meu corpo dançante e nada escapa ao nível de humidade entretanto atingido. Tudo à minha volta é sopa, pólo numa lástima, de ensopado que está, calças chino irreconhecíveis, cobertas por uma piscina de suor no traseiro e poças de suor a darem o ar de sua graça, nas pernas e nos joelhos, toalha completamente molhada da frequente utilização, garrafa de água vazia, e, finalmente, vestígios da minha passagem por todo o lado, com o chão em parquet salpicado por uma chuva de suor emanado do meu corpo. E o pior de tudo é que elas não me acusam, nem se afastam em repulsa, riem-se simplesmente e continuam a dançar comigo como se nada fosse, apesar de eu repetir insistentemente que não reúno mais condições para dançar! O que pensarão elas?

De Campos

terça-feira, julho 18, 2006

Sem Palavras! Retrato II

Nesta segunda rubrica do Sem Palavras, o BdS resolveu entrevistar o Filipe. Principal responsável pelo entusiasmo total da malta iniciada nas danças de salão, é graças à sua dedicação e presença assídua na orientação dos bailes de Santo Adrião que dezenas de novos adoradores das danças cruzam os salões em busca de um novo alento para as suas vidas. Os bailes de segunda, terça, quarta, quinta e sexta estão repletos, a abarrotar pelas costuras, mas o Filipe adora encher os bailes de gente e está sempre a planear novos mega encontros para congregar ainda mais gente. As suas rodas de casino gigantes são já muito concorridas e agora que, oficialmente, as danças de salão estão de férias, os bailes de S. Adrião promovidos pelo Filipe à quarta e até final de Julho são a tábua de salvação para quem não quer esquecer os passos entretanto aprendidos.

O Cha Cha Cha é uma das tuas danças de salão preferidas?

Dança-se bem o Kizomba em Braga?

Consegues imaginar a tua vida sem as danças de salão?

Já alguma vez pensaste em ensinar individualmente a Valsa vienense a alguém?

segunda-feira, julho 17, 2006

Confidências de uma noite de Verão

Isto das danças….

É engraçado ver como, nisto das danças, acabamos por conhecer pessoas que, aos poucos aos poucos se tornam tão importantes nas nossas vidas.

Quando entrei para as danças de salão, vinha com a intenção de me divertir.

Conhecer pessoas novas também seria bom.

Fazer amigos de verdade, nem me passava pela cabeça.

Aos 29 anos tinha a sensação que os verdadeiros amigos, aqueles que ficam para sempre, já estavam presentes na minha vida. Já vinham do secundário, e depois da universidade. Não fazia parte dos meus planos procurar amigos de verdade num passatempo semanal e que, julgava eu (andava enganadita), não seria de grande importância.

Já não será a primeira vez que me refiro à sorte que tive em entrar para a iniciação com turma fantástica. Um ambiente alegre, divertido, jovem…

Logo de inicio houve uma empatia muito grande entre todos os elementos da turma… e no Verão seguinte já andávamos em saídas e cafés praticamente diários e em jantares dançantes nas varandas e terraços das nossas casas… a aproveitar qualquer espaçozito, por mais apertado que fosse, para treinar uns new yorks.

Bem, de mansinho a presença destas pessoas na minha vida foi ficando cada vez mais marcada, e os mails trocados diariamente começaram a aumentar de dia para dia…

Num destes últimos sábados, três de nós fomos terminar a noite, completamente por acidente, numa praia aqui perto. Depois de vermos Portugal a perder o 3º lugar do Mundial, deu-nos para a nostalgia….

Três meninas, que por momentos voltaram aos tempos de liceu e ficaram, ao pé do mar, com a lua quase quase cheia e um vento frio de rachar, a confidenciar sobre tudo e sobre pequenos nadas.

Falamos de sambas e de alegrias, de valsas e de sonhos, de rumbas e de amores.

Falamos ainda da satisfação que sentimos ao vermos agora, nos alunos do Baile de Sexta, o reflexo das mesmas experiências, das mesmas alegrias e do mesmo espírito de grupo.

Numa noite de Verão, demos conta que além de ser um divertimento, um vicio e um prazer, isto das danças é uma praia… Uma paria onde vamos encontrar novos amigos, e que também estes ficam para a vida e, às paginas tantas, já não nos imaginamos sem eles.

Mas deixemo-nos de nostalgias. Como todos os dias são bons, acho melhor seguir a ideia dos Pólo Norte e esquecer “…o teu mundo lá fora, que é hora de ir dançar…”

Célia Oliveira

sexta-feira, julho 14, 2006

Sentir-se Bem

É verdade ou não que quando vamos para a aula de danças sentimos imediatamente uma felicidade incomensurável? Que mesmo antes da aula começar, já sofremos levemente de ansiedade, como a raposa à espera do pequeno príncipe. Que andamos a semana toda a trabalhar como loucos e a pensar que já faltou mais para o baile de sexta ou para o baile de qualquer dia da semana. Que as duas horas de entretenimento no baile passaram a correr e que chegámos ao fim com uma sensação vazia no estômago. Cansados, pois então, transpirados em bica, mas muito mais felizes e realizados! E é ou não verdade que quando regressamos ao mundo do trabalho, parecem os problemas diários bem mais pequenos, bem menos sérios?

A psicóloga espanhola Maria Jesus Alava Reyes foi entrevistada sobre estas questões pela revista Xis do Público na edição de 1 de Julho de 2006. Os seus pensamentos foram igualmente publicados na obra da sua autoria traduzida para português: A Inutilidade do Sofrimento. Vale a pena transcrever algumas considerações da psicóloga acerca do sofrimento humano, das expectativas quanto ao trabalho e realização pessoal:

» As situações laborais são muito difíceis, muito precárias. A competitividade é enorme, com muitas horas de trabalho, muito mal pagas. O desgaste é forte e a satisfação é pequena. É importante que olhemos estas fases como períodos de transição, como épocas que nos darão experiência e que darão lugar a uma situação um pouco melhor, num futuro próximo. O problema é quando a situação se arrasta durante muitos anos. Aí o problema agrava-se.


Torna-se necessário que perspectivemos a vida e os seus valores de uma forma diversa. O trabalho não tem de ser o factor mais importante na nossa vida. Há que “relativizar” a importância do trabalho. Se pensarmos que o trabalho é o núcleo central da nossa vida e se esse trabalho é muito stressante, então a maior parte das pessoas sentir-se-á muito insatisfeita. Temos de olhar para as condições da nossa vida e pensar, apesar dessas condições, como nos podemos sentir melhor. Centrarmo-nos mais na busca de uma qualidade de vida no quotidiano, que não se centre no sucesso profissional, pois se esse sucesso nunca chegar, podemos irmo-nos abaixo. Por vezes, os objectivos que as empresas põem aos empregados são impossíveis de atingir. Há que manter a consciência de que estamos a fazer um bom trabalho para que nos possamos sentir bem. E há que estabelecer uma “balança de valores” para a vida. “O que é mais importante para mim? Ter um trabalho de maior importância mas que me tira horas infindáveis de vida e me traz muito stress, ou um trabalho que não seja tão “importante” mas que me permita ter mais vida pessoal e familiar?”. O grande desafio de hoje é esse: a conciliação da vida profissional e pessoal. Muitas pessoas com êxito profissional não têm vida pessoal. Isso é um fracasso. «
In Xis, 1/07/2006.

quarta-feira, julho 12, 2006

Baile de Finalistas II

Foi lindo ver no baile a confraternização entre turmas de iniciados, intermédios e avançados. A galeria de fotos avança dos canapés para o salão de baile propriamente dito. Mas primeiro vamos espreitar uma vez mais o espraiar do entardecer e as conversas animadas entre elementos de bailes distintos. Nesta primeiro retrato da segunda série, podemos apreciar duas iniciadas de dois bailes de S. Adrião e que já em outras ocasiões se cruzaram. Jeanne d’Arc entrega-se de alma e coração à arte das danças de salão no baile de sexta e Lux de modo não menos excelentíssimo ao baile de segunda.

Mas não só de iniciadas reza a história deste baile em final de época. Em amena cavaqueira, encontrámos duas estrelas com passos nas danças já apuradíssimos, numa noite cada vez mais escura e quente. Claro que com corpos destes a irradiar tanta luz, foram muitos os bichos atraídos pela claridade. Meninas, brindo à vossa beleza, à vossa presença majestosa e também aos vossos passos fabulosos na pista de salão.

Mudemos de espaço e avancemos agora para o salão de baile propriamente dito. Claro está que não verão aqui no blogue nenhuma perspectiva panorâmica, francamente, não é isso que nos interessa. Vamos espreitar sim mais três elementos, também elas iniciadas na arte do salão e assíduas no baile de segunda em S. Adrião com o professor Filipe. Não revelaremos nomes, mas se têm estado atentos aos artigos aqui publicados, nomeadamente ao artigo sobre o baile de segunda, será muito fácil identificar uma das concorrentes, exímia na arte do tango e aqui com as cores da Argentina. O nosso repórter do exterior já teve entretanto a oportunidade de bailar com as beldades restantes e ficou enternecido com semelhante dedicação e energia!

Para finalizar esta segunda galeria de fotos, mais virão, uma fotografia inesperada do Fotojornalista, por momentos distraído e a descansar ligeiramente o braço de tanto esforço fotográfico. A nossa redacção recebeu, desde o primeiro dia de ressaca do baile, milhares de fotos, generosamente cedidas pelo nosso Fotojornalista. As señoritas que o acompanhavam neste instante são fiéis frequentadoras do baile de sexta e estavam obcecadas com a fotografia por tirar! Reparem como mesmo em conversa o nosso Fotojornalista está em posição de combate, sempre pronto a disparar...


terça-feira, julho 11, 2006

Sem Palavras! Retrato I

Iniciamos hoje uma nova rubrica no BdS que pretende revelar a expressão facial de bailarinos, professores e alunos. No panorama geral das danças de salão a mímica e a linguagem gestual jogam um importante trunfo quando de postura e presença no baile se fala. A nossa câmara esteve atenta ao desfile de celebridades no baile de finalistas e captou a atenção de alguns famosos. O resultado fala por si e põe em evidência o astral fantástico desta malta das danças. Uma das primeiríssimas a comunicar com a câmara, sem palavras e apenas com expressões faciais sublimes, foi a Valsita. Escusado será dizer que estas imagens valem por mil palavras.

Consideras-te uma boa dançarina?

Que tal são os bailarinos de Braga?

Em que pensas a toda a hora?

É verdade que a Valsa produz em ti um estado de felicidade permanente?

Imaginas-te a dançar de velhinha?

segunda-feira, julho 10, 2006

Baile de Finalistas

Pois é, tudo o que é bom tem um final, ou pelo menos, uma interrupção para férias. As tropas lá se reuniram de novo para bailar com muito fôlego e assim dizer adeus a um ano com aprendizagem de muitos passos fantásticos. A quinta da Aldeia foi, para variar, palco de mais um jantar dançante, desta vez, promovido pelo PED e alargado a todos os alunos, antigos e novos. Na recepção estavam todos ansiosos que o baile começasse, mas a história viria a ser longa e o serão só agora começava.

Enquanto bailarinas e bailarinos espalhavam o perfume dos corpos lavados pelo átrio da entrada, esperando pela sua vez para entrar no salão, outros faziam questão em chegar mais tarde para grande expectativa da multidão que os esperava ansiosamente. O par do ano chegou atempadamente, respeitando as regras protocolares quanto a ordem de importância! À sua espera estava um batalhão de papparazzis e fãs, mas os inspectores do baile não estavam pelos ajustes e quase deitavam tudo a perder. Nos nossos registos fotográficos queremos louvar a atitude de Charlotte, que não se intimidou com os entraves impostos!

Na entrada do grande salão ia-se brindando por tudo e por nada. A alegria estampada nos rostos dos participantes estava já a causar algumas indisposições e mesmo com a presença das câmaras era difícil disfarçar o nervosismo da noite do baile. A história deste baile iria ser marcada por alguns dilúvios intestinais, mas não agora! Apesar do calor sufocante, as boquinhas contentavam-se com os acepipes dispostos nas mesas redondas e brindavam-se acalorados vivas ao baile e às danças de salão em geral.

A boa disposição era uma constante e os aspirantes a bailarinos rodeavam-se de estrelas dançantes. Nesta foto pode ver-se o Secretário-Geral, nos primeiros passos dos bailes, em alegre cavaqueira com algumas das famosas bailarinas da noite. Da esquerda para a direita, a por demais conhecida Sambita, escusado será dizer, maluca pela arte do Samba e sempre com a alegria estampada no rosto; Madame Silvie, uma das divas das danças que espalhou mais charme e classe neste baile final e, por último, Jeanne d’Arc, uma mulher de armas, ligeiramente indisposta nesta imagem, mas com uma determinação e uma postura indescritíveis.

sexta-feira, julho 07, 2006

A Menina dança?

Porque a felicidade não existe… Apenas momentos felizes

Cumprindo uma velha tradição familiar, uma das minhas primeiras atitudes na vida adulta foi tornar-me sócia do Circulo de Leitores… (desculpem a publicidade)

Desde muito miúda (e não posso dizer desde pequena porque quanto a isso nunca vou deixar de ser, certo?) … bem continuando, desde miúda que mensalmente escolhia um livro para encomendar àquele senhor que depois vinha lá a casa trazer uns livros.

O Circulo de Leitores faz parte do meu imaginário infantil, como fazem dele parte o Dartacão ou o Verão Azul…

Confesso que era um prazer ter este pequeno passatempo mensal com o meu pai. Foi ele que alimentou o meu gosto pela leitura e era um regalo quando juntos abríamos a revistinha do Circulo de Leitores para escolhermos o meu livro do mês…

Ora, já adulta, continuo a pegar na revistinha e a escolher um livro que depois aguardo ansiosamente para ler.

No entanto um dos riscos desta velha tradição familiar é o facto de termos que confiar no nosso instinto. Escolher um livro só pelo nome ou pelo autor, sem termos ideia se o nome do livro terá ou não a ver com o que de facto este nos conta, pode correr mal…

Na minha última viagem ao universo do Circulo de Leitores, deparei-me com um título que de imediato me chamou a atenção. “A menina dança?”…Mas é claro que a menina dança, e não tem feito outra coisa nos últimos tempos…

Não podia deixar de escolher este livro na minha encomenda. Lá retirei os códigos do livro e do autor e lá encomendei o livro.

Confesso que não sou grande fã da Rita Ferro, autora do livro, mas o título não me saía da cabeça… “A menina dança?”, “A menina dança?”

Quando o livro chegou, não demorei a devorá-lo. Muito Bom! Muito Bom mesmo!

Não era o tipo de leitura que estava à espera de uma autora como a Rita Ferro, admito. Há uns anos tinha lido um livro dela, com crónicas que havia publicado, e estava a contar encontrar a mesma linha de pensamento.

A surpresa foi muito boa!

“Sempre procurou o seu abraço. Sempre se encontrou nesses braços. Em ruína ou em pleno, em fragmentos ou mais forte do que nunca, o amor entre Jorge e Luísa vive das metáforas de construção. Rui, e restaura-se, caiu e volta, parte e regressa, deseja-se e já não se suporta.” Tal como uma Dança.

“A menina dança?” é um conjunto de pequenos momentos da vida de uma mulher, e que nos transmite os seus diferentes sentimentos. Leva-nos a conhecer ainda o homem que um dia lhe pediu para dançar. Uma dança que ficou para a vida inteira.

É apaixonante vermos como uma dança e uma vida podem ter tanto em comum. Ambas só ficam completas quando partilhadas, feitas a dois, com ritmos diferentes e vivências distintas.

Não se trata de um livro sobre dança, mas compara a Dança com a Vida.

“A menina dança?” é uma história de partilha, de busca, de cumplicidade, de Amor… mas principalmente de momentos.

Se a felicidade é utópica e não existe, depreendemos que existem sim, muitos momentos felizes. São esses momentos, valsas e sorrisos, que nos tornam quem somos.

“A menina Dança”? Claro que sim…

Célia Oliveira

quarta-feira, julho 05, 2006

O final mais perto

Costuma-se dizer que tudo tem um fim. Relaxem que não estou para aqui a anunciar o fim de nada, todavia, este artigo serve apenas para fazer uma reflexão minha sobre o que foi este ano magnífico, com as danças de salão bem no centro. Chegamos a Julho, o pessoal já só pensa em férias, no meio disto tudo, as danças vão a bom ritmo e não é que o nosso mestre anuncia que as aulas acabam agora e voltam somente em Setembro. De repente, aos nossos ouvidos a novidade soa a uma interrupção demasiado longa! Filipe, não queremos que acabem os bailes de sexta, de segunda, de quarta, de todos os dias. Queremos a nossa vida inundada pelas danças sempre. Já só vivemos para elas, já só respiramos o calor húmido das latinas e a leveza fresca das clássicas!


Compreendo que os professores tenham direito a férias. Foi um ano repleto de alunos, com turmas a abrirem aos magotes, S. Adrião a rebentar pelas costuras, um entusiasmo redobrado, um Populum compacto às sextas, jantares sem fim, mas, simplesmente, o baile de sexta e todos os outros bailes não podem acabar assim. Estou desesperado, com quem vou treinar os passos que aprendi novos? O Titanic e os walks da Rumba, o huit e o ataque do Paso Doble, a auto-estrada e a romântica do Bolero, o open reverse turn da Valsa Inglesa, o bota-fogo e as faces do Samba, o Rock e o pião do Tango...


Para mim, dez meses de descoberta, para outros mais, para outros menos! Setembro parece longínquo e os primeiros passos nas danças de salão uma infância perdida. O baile de sexta foi a minha escola, religiosamente de semana em semana, a ânsia que a sexta seguinte chegasse bem depressa. A semana de trabalho que teimava a passar vagarosamente e o jantar que se engolia rapidamente para não perder pitada da aula. Os amigos que se foram encontrando, primeiro timidamente, a partir de sorrisos nervosos, de meias palavras que se cruzavam entre danças, de mãos que se tocavam em excesso de formalidade, depois em família, um grupo que crescia junto, os passos que começavam a sair certinhos com os incentivos de uns e de outros, as saídas extra aulas, os aniversários e festas, os jantares da escola, a música no carro, em casa, no trabalho, os CDs dos amigos, as trocas de mensagens, os emails, enfim, o blogue.

Nas histórias de amor há sempre um final feliz, quero acreditar que sim! A boa notícia é que os professores resolveram prolongar os bailes de sonho e transformar todos os bailes num só – o baile de quarta até final de Julho. Por isso, não desesperem como eu e dêem um salto até S. Adrião nas próximas quartas à noite, mesmo que a selecção não ganhe hoje, gastem os últimos cartuchos de emoção e bailem sem parar. Em Setembro há mais mas, para quem já vai de férias, não deixe de comparecer ao jantar de encerramento na Quinta da Aldeia, em Vila Verde, na próxima sexta, 7 de Julho. Promete ser de arromba, com mais de trezentos bailarinos a dançar em versão MP3!

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