sexta-feira, junho 30, 2006

Baile no S. João II

Prossegue a nossa galeria de fotografias exclusivas, conseguidas a muito custo pelo nosso fotojornalista e papparazzi e todas elas em exclusividade para o BdS a preço de ouro! Mas como os nossos recursos são infindáveis, não podíamos privar o nosso público leitor, cada vez mais crescente e ávido de notícias nossas, de uma reportagem deveras especial e que retrata com fidelidade os últimos acontecimentos no panorama das danças de salão em Braga. Sim, meus caríssimos navegantes virtuais, pois não se trata apenas de mirar pela fechadura da porta, mas de entrar na festa, participar dela, pelo puro gozo das danças e do convívio cada vez mais autêntico entre bailarinas e bailarinos!

A nossa anfitriã Truta estava muito ocupada com o acolhimento dos convivas e nem por um momento deixava de dar instruções aos seus mais directos colaboradores. A filha Bailarina foi a estrela da noite, uma júnior promissora e que encantou o baile com passos de profissional. Depois eram horas de nanar e o sono conquistou-a rapidamente! O Zé Pestana convidou-a para um baile ao luar no sítio do pica-pau amarelo e lá foi a bailarina embalada pelo som distante dos sonhos!

O Mestre ainda quis dar um ar de sua graça e pousar para a fotografia com a pequena bailarina e poder dizer um dia, quem sabe, “já foi minha aluna”, mas os passos saíram trocados e só um cházinho parecia poder resolver a situação. A pequena bailarina é que não teve pelos ajustes e pensou e disse o que tinha de ser dito, “isso não são trajes condignos, na minha aldeia já não se usam palhas e chancas dessas!”

Palavras para quê? Comeram e beberam que nem uns leões. Não sobrou quase nada. Na mesa ninguém se ouvia tal era a sofreguidão de sardinhas na boca. Tilintavam os copos, regados por um promissor branco pomada, oriundo da pipa mais próxima e o baile que se seguiu foi um desastre de barrigas cheias a arrotar postas de sardinha e cavalheiros sem maneiras a segredar cebola e alho nos peitos enfartados por boroa de milho e caipirinhas!

quarta-feira, junho 28, 2006

Dançar com...

Valsita

Um nome mais que apropriado para quem tem a valsa na guelra. Quem não a viu já dançar a valsa inglesa ou vienense com a garra que a caracteriza?! Despedaça os corações dos cavalheiros que disputam entre si a vez para bailar com a diva das valsas. No Populum o público aplaude quando a vê passar em rodopios constantes e sem nunca perder os sentidos. Um verdadeiro regalo para os olhos dos que apreciam a arte de bem bailar, Valsita tem outros poderosos atributos, como uma inclinação soberba para a escrita. Colaboradora atenta do blogue das danças de salão, já há pouco tempo nos presenteou com um artigo de opinião distinto. Mas, deixemo-nos cá de muitos adjectivos, todos eles insuficientes para qualificar tremenda presença nos bailes da cidade romana, e prestem bem atenção à entrevista que concedeu ao baile de sexta.

Valsita, quando começou todo este fervor dançante?

Bem… isto começou aos poucos. No meu grupo de amigos já toda a gente andava nas danças e insistiam comigo para que me inscrevesse… mas eu achava aquilo uma seca, para cotas, e que não tinha nada a ver comigo. Depois de muito insistirem lá fui com eles ao Poppulum e… Agora estou viciada! Será que há cura?


Já danças há algum tempo? Consegues manter o entusiasmo inicial?

Já p’ra aqui ando há ano e meio, mas o entusiasmo mantém-se. No início era a novidade e agora são os amigos, o ambiente, o viciozito que já cresceu….


Quem foi o teu primeiro professor? O que mais te marcou inicialmente?

Já tive 3 professores e todos me marcaram. O Lima Leite, por ter sido o 1º, a Verita (maravilhosa… já viram esta menina dançar? É linda!) por ter o dom de tornar fáceis até os passos mais difíceis e agora o Pedro Barbosa que é um “Senhor”.


A turma manteve-se coesa ou o grupo de agora é distinto?

Infelizmente a turma inicial separou-se no final do nível 3. Felizmente fui calhar a uma turma muito fixe, com muito bom ambiente. Bom, mesmo bom, são os amigos que se foram juntando neste meses. O “Núcleo Duro” que está junto desde o início e que não falha.


Tens alguma dança preferida ou ritmo mais no coração? Eu sei que é uma pergunta difícil?

Valsa, claro!!! A Vienense…. Mas também Jive e Quick Step. Agora também tenho andado a gostar muito de rumba… Acho que tenho que confessar que gosto de tudo. Em dias de loucura até Paso Doble danço.


Quando é que compraste os teus primeiros sapatos de dança? O que é que eles despertaram em ti?

Olha, foi no Natal passado. Bem, no Natal, no Natal não foi bem… a intenção era ser a prenda de Natal, mas como tenho pezito de Cinderela (não lembra a ninguém calçar só 34, pois não?) os sapatos só chegaram perto de Março. Mas já estão tão rompidinhos que preciso de uns novos.

Tu no Populum és diabólica, não páras nunca?

Diabólica, eu?? Oh… não sou nada. Até paro, de vez em quando, para ir beber, por exemplo…


Que sugestões gostarias de deixar à escola ou à tua turma? E para aqueles que estão agora a começar?

Bem à escola até tenho uma sugestão a fazer… Podiam organizar, assim de vez em quando, uns workshops de danças que tradicionalmente não são ensinadas na escola, como por exemplo, Tango Argentino, Hip-Hop, etc… Os alunos sempre iam conhecendo novas danças e era uma forma de dinamizar ainda mais a escola.

Aos alunos só posso sugerir uma coisa: Divirtam-se! Todos, craques e novatos… Afinal de contas é para isso que cá estamos, certo?

terça-feira, junho 27, 2006

Baile no São João

A noite de S. João reuniu de novo a malta de sexta, mas a ocasião exigia uma boa sardinhada e umas quantas coordenadas para poisar no sítio certo.
Cervães acolheu-nos de braços abertos, uma freguesia de Vila Verde, bem perto de Prado, escondida no monte. Na casa dos pais da Truta, viveu-se um S. João à boa maneira portuguesa, com muita sardinha e boroa, saladas refrescantes e um branco fresquinho, acabadinho de sair da pipa.


Para os mais exóticos havia a inseparável caipirinha e para os abstémios um leque variado de limonadas.


Os VIPS cedo começaram a chegar, o fotojornalista tratou de montar a aparelhagem sonora que precisávamos, o mestre Filipe inundou a festa com os mais apetecíveis sons tropicais e escusado será dizer que a turma bailou até altas horas da madrugada!



segunda-feira, junho 26, 2006

O Baile de Segunda

A Luz, a Cidália, o Ricardo, a Cecília, o Nuno, a Bruna, a Patrícia, a Daniela, a Teresa, a Helena, a Rosa, o Mário.., Estes são alguns dos dançarinos que animam o baile em S. Adrião, no começo da semana, à segunda-feira. O nosso repórter de exterior do BdS foi até lá e garantiu-nos que vê-los bailar é um regalo para os olhos! Estão no nível dois, é uma das turmas orientadas pelo Filipe e tal como o baile de sexta, deriva da turma original de quarta-feira.


O grupo é bastante jovem, com algumas das bailarinas a quererem chegar depressa à idade adulta e outros orgulhosamente a passearem nos seus vinte e tais. Uma turma equilibrada entre elementos femininos e masculinos, mas, claro está, as meninas excedem-se sempre em número, como parece ser a norma instalada nas danças de salão! Um número de pupilos que chega quase aos vinte, o que faz da turma ser ideal para uma progressão rápida nos estilos dançantes.

Logo de início sentia-se uma boa disposição no ar e não era só porque estavam ali para dançar, era felicidade estampada nas caras, alegria colectiva, do mais puro que há em danças de salão! Acolhem com muita simpatia os elementos estranhos ao baile, principalmente se forem cavalheiros dispostos a dançar, pois nenhuma menina do baile de segunda tem vontade de ficar muito tempo sentada sem bailar. O mestre Filipe começou logo por propor a Valsa Vienense como aperitivo, mas o grupo não se mostrou intimidado e rapidamente se formaram pares que rodopiaram a valsa com agradável destreza.

Ainda não recomposto dos vaivéns constantes da valsa, o nosso repórter resolveu atacar a dança seguinte com maior dignidade, uma vez devidamente aquecido. A señorita que o acompanhou no Cha cha cha tem notáveis qualidades artísticas, além de envergar um porte nórdico invejável. A Lurdes revela muito à vontade nesta dança latina e domina perfeitamente todos os passos dados pela turma: New York, Invertido, Progressão, Walz, Perseguição, Lux e, o último aprendido, Leque. Sem dúvida uma estrela do Cha cha cha.

O Bolero foi recebido pela turma com muita naturalidade. Para o nosso repórter foi a saudade de um género que não dançava há meia dúzia de semanas! A Patrícia balanceava de forma estonteante e para o elemento do baile de sexta estava a ser difícil inventar mais passos dados, tal era a mobilidade da bailarina. A Promenade era favas contadas, as voltas saíram na perfeição e a queda não revelou nenhum precipício, mas sim um lugar ameno e tranquilo, sincronizado ao milésimo de segundo com o tempo musical. O cavalheiro não poupou os elogios, mas a nossa querida bailarina não se deixou impressionar e sorria simplesmente, como se todos aqueles passos fossem a coisa mais natural do mundo.

A Teresa estava tensa quando o Filipe anunciou o Tango para bailar. Depois de uma revisão rápida dos passos aprendidos, em diagonal, cavalheiros numa fila e senhoras noutra, a turma atirou-se ao célebre pião com vontade em torná-lo no passo mais simples do mundo! Ainda hesitante, a Teresa aceitou exercitar o Open Reverse Turn com o cavalheiro do baile de sexta. Depois de muito praticarem, para a frente e para trás, seguiu-se um tango completo em linha de dança e os passos foram executados com grande mestria por parte da bailarina, esquecendo toda a hesitação inicial, rodopiando no pião com total determinação!

A Cidália é uma diva da Rumba. Dança com um à vontade impressionante esta dança latina e patina no parquet como se estivesse no gelo, segura que estava nos seus sapatos de dança. Uma das únicas damas a exibir sapatos de competição, o repórter de sexta teve que dar o seu melhor para suster a sumptuosidade desta bailarina. O Walz foi manobra mais que fácil e o nosso repórter teria imensa dificuldade em executar o leque da Rumba, sendo ajudado neste passo pela simpatia da Cidália, que parecia rumbar como quem caminha sobre um prado verdejante de Verão.

A bailarina que se seguiu, numa noite memorável e rica em tantos géneros dançantes, voltou a não facilitar a vida ao nosso cavalheiro. O Slow Fox, aparentemente controlado pelo repórter, seria primorosamente executado pela Bruna, que balanceou entre o passo base, o Rock e a Promenade com volta sem qualquer problema. O nosso elemento masculino tentando testar a mestria da bailarina, ia alternando os passos, trocando as voltas, mas a estas reviravoltas a Bruna respondia com muita qualidade e perfeito entendimento dos sinais do cavalheiro.

No Jive, a última das danças oficiais reservada para esta noite de segunda-feira, a Luz iluminou por completo os caminhos do nosso repórter do baile de sexta. Mostrou uma energia imparável e perante o cansaço que o convidado evidenciava, respondia com muita classe e com um novo impulso nas voltas do Rock & Roll. Foi sublime dançar o Jive com a Luz, as palavras com que o cavalheiro resumia os minutos estonteantes, feitos de voltas e mais voltas e uns quantos swings, dançados com a última das divas do baile de segunda, com quem teve a distinta honra de bailar nessa noite quente de Primavera.

Numa próxima visita ao baile de segunda a equipa do blogue promete enviar uma bailarina que teste, desta vez, a tenacidade dos cavalheiros da turma, que, estamos certos, irão responder com igual deslumbre.

domingo, junho 25, 2006

Esta semana na Casa das Artes

EDge na Casa das Artes em Famalicão:
EDge 06

27 e 28 de Junho | Terça e Quarta | 21.30 | grande auditório

2 Julho | Domingo | 18.00| grande auditório

Entrada: Livre

www.theplace.org.uk

Pelo quarto ano consecutivo, a London Contemporary dance School (EDGE), em parceria com a Escola de Dança Neuza Rodrigues e o Município de Vila Nova de Famalicão, apresenta-se na Casa das Artes para uma série de workshops e espectáculos a decorrer de 26 de Junho a 2 de Julho. O programa deste ano, é composto por coreografias, assinadas por sete relevantes coreógrafos: Trisha Brown, Siobhan Davies, Sue Maclennan, Conor Doyle, Joana von Mayer Trindade, Anais Bouts e Alex Broadie. O Prjecto é também composto por workshops, coordenados pelo director da companhia, David Steel. A par dos espectáculos de dança serão apresentados quatro pequenos vídeos dos artistas multimédia Sónia Rodrigues e Sérgio Cruz.
Informações e reservas:
Tel.: 252.371304 / 252.371297
Fax: 252.371299

sexta-feira, junho 23, 2006

Ritmo e Sedução

Que tal uma sugestão para o fim-de-semana? Num cinema perto de vocês, um filme sobre danças. Take the Lead, em português traduzido pobremente por Ritmo e Sedução, quando o que efectivamente significa é toma a iniciativa, conduz e não te deixes conduzir. Um dançarino profissional oferece-se para ensinar dança numa escola pública de Nova Iorque, criando com os alunos um novo estilo. O filme é baseado na história real de Pierre Dulane, um professor que ensina danças de salão como voluntário a um grupo de alunos do ensino secundário de uma escola pública do centro de Nova Iorque.


No início, os alunos desconfiam de Dulaine, mas tudo se altera quando descobrem o compromisso e dedicação contagiantes do professor. Indo ao encontro dos seus gostos mais urbanos, Dulaine alicia-os com Hip-Hop, combinando o ritmo juvenil com dança clássica, numa fusão única e transbordante de alegria. Ao tornar-se numa figura a quem os alunos respeitam e admiram, o professor Dulaine motiva-os na aprendizagem, estabelecendo um objectivo muito concreto: a participação dos alunos numa competição de danças de salão muito prestigiada na cidade.


António Banderas é o professor de danças de salão. Ritmo e Sedução marca também a estreia da realizadora de comerciais e videoclips Liz Friedlander, que já tinha dirigido vídeos comerciais para artistas como Joss Stone, U2, Blink 182 e Simple Plan. O argumento foi escrito por Dianne Houston. Ritmo e Sedução surgiu a partir da história verídica de Pierre Dulaine, que tinha sido anteriormente documentada na televisão. Deu igualmente origem ao filme documentário Mad Hot Ballroom, que tanto sucesso fez no festival Slamdance, em Nova Iorque. Na preparação para o papel, Banderas recebeu aulas de dança da coreógrafa JoAnn Jansen.

Adaptado do texto de Lurdes de Matos, Impala.

Se, entretanto, viram o filme, não deixem de o comentar aqui no nosso blogue. Escrevam a vossa opinião, o que mais gostaram ou menos.

quarta-feira, junho 21, 2006

Dançar com...

Caipirinhas

Continuamos a série de entrevistas a ilustres dançarinos. Hoje coube a vez ao Caipirinhas. Quem é esse enigmático bailarino? Perguntam as vozes mais curiosas desta nossa comunidade pequena do universo ilimitado das danças de salão. O Caipirinhas gosta naturalmente de caipirinhas e contagiou o baile de sexta nesta sua preferência pela bebida dos trópicos. No último jantar dançante causou sensação ao trazer todos os ingredientes para o baile, pedindo aos funcionários apenas um jarro em inox, onde com muita sabedoria preparou a poção mágica. Costuma bailar à sexta, onde foi adoptado e recebido como um filho, mas há quem o veja às segundas, às quartas, de onde é originário, mas também aos sábados em S. Adrião, ou nas mais badaladas festas de aniversário dançantes! A sua parceira habitual no baile é a Charlotte, mas dança graciosamente com todas as damas que lhe aparecem pela frente e tem uma técnica apuradíssima. Já comprou os sapatos de dança respectivos, uns Rummos, made in Vila Nova de Gaia, em cabedal negro mate, todavia, para os poupar um pouco, não prescinde das suas enormes sapatilhas todo o terreno, que cobertas por um par de meias de senhora deslizam impecavelmente sobre o parquet do salão.

Conta-nos o princípio desta tua história dançante...

Consegui a incrível façanha de reter o número de telefone do Filipe na minha secretária durante mais de um ano. Só quando tive que arrumar a secretária é que olhei para o papel ali meio perdido e me decidi a telefonar. A Charlotte viu o contacto do Filipe em S. Adrião e o problema é que o papel ficou ali a hibernar na minha secretária. A partir do telefonema tem sido uma loucura total!

Tens algum género de danças de salão preferido?

As horas das danças são aquelas horas especiais. O Jive é, no entanto, a que menos gosto. O Passo Doble e o Tango estão entre as minhas preferidas! O Tango é a primeiríssima! No Tango Argentino o ritmo é mais lento e está de alguma forma aparentado com o nosso Fado. É o Tango de Piazzola e de Gardel. Um Tango mais pró-activo, com muitas tesouras e ganchos que se fazem por baixo das pernas. No Tango Argentino caminha-se.

Sei que tens andado por fora, pelo oriente, preferes dançar com coreanas ou japonesas?

Eu prefiro dançar com mulheres. Em Tóquio e em Seoul procurei incansavelmente por bares onde se pudesse dar um pezinho de dança, porque as saudades eram muitas. A dança tem uma vantagem social enorme. Num congresso em que estive em Seoul, convidei duas senhoras chinesas para dançar. Enquanto dançávamos Slow Fox, pude apreciar a mudança extrema nas suas expressões faciais. Com a dança quebrei o gelo e a distância formal da nossa relação exclusivamente profissional. É muito interessante dançar com orientais. Todavia, gostava de salientar que o acto de dançar é um certo prazer egoísta. Quem é viciado vai dançar por vício de dançar, para auto-satisfação.

Já viste o filme Lost in Translation da Sofia Coppola?

(Silêncio)...

E que tal os teus novos sapatos de dança? Há quem te tenha visto dançar com meias de senhora?

Sinto que dançar Tango Argentino é muito melhor com sapatos de dança. Há certas danças que é preciso escorregar e com meias de senhora é melhor.

Queres deixar as tuas sugestões?

As minhas sugestões são mais para o BdS. Gostava que tivesse links sobre danças de salão e, eventualmente, organizar o blogue por entrevistas e comentários, em diferentes secções.

terça-feira, junho 20, 2006

Salsa, o filme


Quem esteve desperto até mais tarde, no serão de domingo, 18 de Junho, poderá eventualmente ter visto na TV, no canal SIC, o filme Salsa, da realizadora Joyce Sherman Buñuel. O filme é uma produção francesa do ano de 2000 e narra a história de um jovem músico, que loucamente apaixonado pelos ritmos afro-cubanos da Salsa, decide renunciar a uma promissora carreira como pianista clássico, para enorme desespero dos pais. Rémi ruma a Paris, onde a sua vida se transforma por completo. Num bar semi-clandestino conhece uma lenda viva da Salsa, Chucho Barretto, um compositor em final dramático de carreira e que renasce para a Salsa com o entusiasmo de Rémi Bonnel. Com o envolvimento no mundo louco das danças latinas, Remi acabará por se apaixonar por uma jovem aprendiz de Salsa. O final é uma parada monumental pelas ruas de Havana, como não poderia deixar de ser! Um hino à cultura de rua, aos ritmos frenéticos e sensuais de uma batida única!

Este filme é também um tributo a Rubén González (1919-2003) e a todos os grandes músicos cubanos de Salsa. González passou a ser mundialmente famoso quando foi incluído no álbum das estrelas Salsa e no filme de Wim Wenders, Buena Vista Social Club. Os seus acordes de compositor e pianista são facilmente reconhecíveis no filme Salsa de Buñuel. O álbum Buena Vista Social Club teve estreia em 1997 e foi um momento único de abertura cultural de uma ilha fechada ao exterior. Lá, na Cuba enquistada de Fidel, o produtor Ry Cooder encontrou os músicos e as canções que deram também origem ao filme documentário. Em 2003, a revista Rolling Stone reservaria o lugar 260 para o álbum, que passava, assim, a figurar entre os melhores quinhentos álbuns de sempre.

segunda-feira, junho 19, 2006

Dançar com...

Charlotte

Abrimos uma nova rubrica que mais não é que uma revitalização da série de entrevistas intitulada ABC dos Cromos. Como os novos entrevistados são de alto gabarito, o BdS resolveu refrescar o título, revestindo-o de maior simplicidade e estatuto, sem desmérito, naturalmente, para os estimadíssimos cromos noticiados anteriormente. O primeiro ilustríssimo convidado é uma dama. Há mais de quinze anos apaixonada loucamente pelas danças de salão, resolveu dar este ano o mergulho para o desconhecido e garantiu-nos não estar mesmo nada arrependida!

Charlotte, o teu nome, ao que sabemos, prende-se com uma iguaria tua de enorme sucesso?

Que exagero! Foi muito agradável receber em nossa casa alguns elementos do baile de sexta. O pessoal estava predisposto para gostar do que houvesse na mesa posta, pois o ambiente era de festa e a caipirinha era muita! Nada complicado, nada difícil. Calhou bem e pronto!

Foi de fácil convivência a culinária e as danças?

Ambas fazem parte da cultura. É engraçado comer e depois dançar. São dois momentos sociais por excelência! A minha integração no baile de sexta foi gradual. Eu sou por princípio social mas mais reservada de início. O problemático às vezes é ter que estar à espera para dançar. Os elementos masculinos são escassos!

Quando começaste a receber aulas de dança?

Há mais de quinze anos que esperava pelo momento certo para entrar para as danças de salão. Durante este longo tempo de espera, esse encontro nunca se proporcionou. Eu adoro dançar, sentir o ritmo e o ambiente de festa! O meu marido achava que não tinha jeito nenhum e a espera foi-se prolongando, até que há um ano, em S. Adrião, reparei num anúncio sobre danças de salão e no contacto da pessoa responsável. Era o número de telefone do Filipe! Anotei-o e deixei o papel na secretária de trabalho do meu marido. O tempo foi-se passando, até que ele reparou no papel só depois de achar que estava no momento de arrumar a secretária. Tinha passado quase um ano, mas para quem esperava há quinze, não fazia a mínima diferença!

Que tal é o ambiente que se vive no baile?

É pacífico e agradável. O mais problemático é a diferença de idades. Nós somos casados, com filhos, há outros que são também casados, mas mais novos, sem filhos e há ainda os que são solteiros ou descomprometidos. Custa-me um pouco relacionar com as pessoas, considerando que as danças são o único elo de ligação.

Já tens os teus sapatos de dança? Que danças são tuas preferidas?

Comprei um par de sapatos de dança para o meu marido não me pisar e também para o pé não me escorregar. São sapatos de dança fechados. Não os largo, porém, para o Jive ou Samba devem dar mais jeito sapatilhas ou sabrinas! Quanto às danças minhas preferidas o Tango é simplesmente Tango. E porque gosto dos ritmos africanos e como tenho raízes em África, adoro dançar Kuduro!

Gostarias de deixar alguma sugestão?

Não especialmente, mas talvez em relação ao blogue, que deveria, na minha opinião, conter um historial das danças de salão.

sexta-feira, junho 16, 2006

ABC dos Cromos – Perfil XIII

Madame X

Uma diva das danças de salão. Aparece majestosamente transformada em ocasiões muito próprias, como a gloriosa noite de sexta carnavalesca. A sua paixão desmedida é pelo tango. Habitualmente veste de escarlate, o seu tom preferido. Tímida q.b. logo que pisa o palco do salão, liberta vapores de emoção e entra num estado tal de euforia e êxtase que dificilmente os cavalheiros conseguem conduzi-la. Há quem confesse tê-la visto apaixonadamente atraída por damas e cavalheiros simultaneamente! Ela é um furor, um vendaval dançante, mas plena de graciosidade, disposta a dançar com qualquer coisa que se mexa!

Madame X, como é que o mundo das danças entrou na tua vida?

Eu já nasci com as danças no meu corpinho, mas quando ia para as discotecas, nunca me sentia integrada na batida mais techno e dançava sempre ao meu próprio ritmo, que era muito maluco e desarticulado! Eu, no fundo, sempre vivi noutro século e o vir para as danças de salão fez-me reviver o passado de uma época que nunca vivi.

Então as danças de salão mudaram algo em ti?

Completamente! Continuo a ser a mesma pessoa, mas para ser bailarina, acabei por perder doze quilinhos de uma assentada, sem grandes sacrifícios, espaçadamente... Só tinha que dançar, comer um pouco menos e divertir-me. Passei também a frequentar o Anjo Verde, para uma comida mais saudável e hoje, já sou semi-vegetariana. Aprendi a comunicar mais com os sentidos! Na dança a comunicação verbal é a menos importante, o olhar, a expressão facial, os movimentos do corpo, comandam a tua relação com o par. O contacto físico é predominante, as mãos do cavalheiro guiam as da senhora, as pernas cruzam-se, todo o corpo transborda de emoção. É fácil perceber se um par está a bailar verdadeiramente a música pela sintonia corporal.

Olhando bem para ti podemos constatar as mudanças na silhueta...

Estou feliz porque em termos de saúde estou no caminho certo. Continuo, no entanto, a transpirar abundantemente. Pouco posso fazer porque não é só canseira física depois de rodopiar incessantemente mas é toda uma dedicação emocional. Faço um grande esforço em transbordar o que sinto cá para fora e o resultado é uma torrente de suor!

Que avaliação fazes do Baile de Sexta?

O BdS foi uma enorme surpresa! Fim-de-semana, descontracção total, as pessoas parecem conhecer-se há anos, tal é o entrosamento, o à vontade em dançar umas com as outras. É uma festa total, uma celebração perpétua! Para mim o paraíso deve ser algo semelhante ao salão do BdS, puro prazer em dançar! Se houvesse dúvidas não estaríamos sequer a publicar este artigo no blogue. O entusiasmo é tal, que o BdS já contaminou toda a escola de danças de salão em Braga, rendendo alunos e professores. Tenho a certeza que S. Adrião abençoa a festa pura e genuína que é o BdS.

Como é que seria se o BdS acabasse?

Tudo tem um fim. O importante é saber tirar partido do momento e, falando de agora, está a ser uma festa permanente! Primeiro teria que ser acompanhado por uma psicóloga, se tal acontecesse, mas não me resignaria, pois quem prova o néctar dos deuses fica inebriado e não quer que esse estado de felicidade acabe. É ópio puro. Por mim, faço o propósito de dançar até as minhas pernas não o permitirem mais fazer. Há exemplos desses bem vivos em Braga!

E danças mais queridas?

O tango é a minha passion. A música do tango evoca todo um ambiente sensual e libertino da Buenos Aires dos anos vinte. Importado para Paris tornou-se repentinamente um sucesso mundial e destronou outras danças rainhas como o Charlton e outras danças do Jazz da altura. No tango o cavalheiro tem uma condução mais determinada, com ímpetos de firmeza alucinante, acompanhando a senhora num rodopiar permanente. A cadência é bastante irregular, alternando entre rápidos e lentos de uma forma vertiginosa! Um outro ritmo que me deixa siderado é o Passo Doble. Para além de terrivelmente marcado em tempos obriga a uma atenção constante. Como eu gosto de ir dançando o Passo Doble e cantando uns olés simultaneamente, acontece muitas vezes que me perco na dança, o que me obriga a uma maior disciplina se quero dançar o Passo Doble em condições!

Apesar da formação germanística, foge-te o pé para as latinas?

É bem verdade. Aprecio desmesuradamente a Valsa Inglesa e Vienense, a arte singela com que os passos harmoniosos são executados. Vibro com as valsas do Strauss ou com o ritmo mais ligeiro das baladas anglo-saxónicas, no entanto, não posso renunciar às minhas origens mediterrânicas e ao calor dos trópicos. Quando danço, por exemplo, a salsa, o meu corpo reage como uma panela de pressão, liberto toda a emoção em gotas que escorrem pelo corpo e salpicam meio salão!

A ideia de criar um blogue foi bem recebida pelos elementos do BdS?

Há duas razões que levaram o meu caro amigo editor de Campos a criar este espaço virtual. Por um lado, o ter constatado a ausência de uma cibercultura em Braga dedicada às danças de salão; por outro, a necessidade que a turma de sexta sentia em trocar impressões, partilhar vivências para além das aulas. A ideia surgiu e foi muito o fruto de um convívio que começou a ser mais frequente ao fim-de-semana entre alguns elementos do baile de sexta. As idas ao Populum, os jantares no Anjo Verde, os jantares dançantes, as festas de aniversário. Havia a urgência de falar sobre tudo isto e de transpor as ideias para o espaço dos cibernautas. A reacção e os comentários ao blogue têm sido, segundo me diz o editor, uma agradável surpresa, com mais de uma centena de visitas por semana, o que para um universo tão pequeno é uma pequena vitória!

Madame X, para terminar, tens alguma sugestão a dar?

Muitíssimas! Para começar, a organização de um campeonato inter turmas, para estimular ainda mais o gosto pelas danças e, fundamentalmente, para criar nos alunos o sentido de competição saudável, de prazer em fazer sempre melhor. Devia existir um manual com o historial de cada dança e os passos fundamentais e respectivos nomes de cada passo para não se esquecer tão facilmente. Finalmente, se são os alunos das danças de salão que alimentam o Populum, a entrada nesse recinto devia ser livre, apenas pagando o que se consumisse.

quarta-feira, junho 14, 2006

ABC dos Cromos – Perfil XII

Aves

Esta entrevista seguinte abre as portas a um dos colaboradores mais cromos do baile de sexta. Não é recomendável, no entanto, a menores, nem a pessoas mais sensíveis, inclusive, pois, o Aves é um homem directo na linguagem e algumas expressões por ele utilizadas poderão chocar. Com raízes no vale das aves, este bailarino é uma verdadeira ave de rapina, com instinto certeiro para a caça, o seu raio de acção há muito que se alargou a todo o Norte de Portugal, ao ponto de ter feito ninho nos penhascos da Bracara Augusta. Um iluminado das danças, busca sempre a perfeição e ninguém como ele conhece o paraíso das danças, esvoaçando de baile em baile à procura de mais adrenalina que o faça perder a pouca penugem que ainda lhe resta. Agora que completa o seu esquema de treino com tango argentino já pode voar mais alto, muito mais alto. O BdS entrevistou-o.


Vamos começar pelo princípio?

Prefiro começar pelo fim, pelas sugestões: o baile de sexta tem de ter caras novas, tem que rodar as dançarinas!

Porque é que andas sempre a girar nas turmas?

Sou convidado por várias pessoas, pela colectividade e pelos amigos que tenho feito. No baile de sexta sinto-me bem e tratam-me bem. Noutras turmas não há tanto à vontade, são turmas mais fechadas! Aqui há muita brincadeira e isso faz-nos sentir bem. Dá saúde e faz crescer!

No Populum és muito requisitado?

Sei dançar mais um bocadinho. O facto de usar camisas escuras e justas faz transparecer as minhas curvas, que elas gostam tanto de dançar comigo para me observarem!

Sempre vais para Angola?

Vou, vou-me ver negro. Quando lá chegar, a primeira coisa que vou fazer é aprender a dançar Kizomba com a negrita do bairro verde. Elas vão-me ensinar a dançar com a perninha na cinta, tipo fisga. Ai, ui, ui... Ai, ui, ui...

Para tantas mulheres, qual o critério de selecção?

As que selecciono são elas que vêm ter comigo e me convidam para dançar. São tantas! Recebo-as com um apertão e depois elas é que decidem se continuam ou não!

Como é que começaste a carreira de dançarino?

Fiz um lançamento de paraquedas e uma rajada de vento atirou-me o paraquedas para o jardim do Kizomba onde estava montes de gente a dançar. Veio uma fêvera cortar-me as fitas enroladas e eu fiquei abismado!

Tu tens uma bailarina apaixonada por ti. Contudo, é a única com quem não danças?

Não sei a quem se estão a referir. Qual delas? São tantas!

terça-feira, junho 13, 2006

Billy Elliot

“Dentro de cada um de nós existe um talento à espera de se revelar… O truque é encontrá-lo”

Sabem aquele “formigueirozito” que, todas as semanas, nos invade o corpo e que só passa depois de umas horas a dançar?

Quando os pés parecem ter vida própria e ganham aquela incontrolável vontade de dançar?

Mal damos conta e ups… já estamos no meio da pista do Poppulum a rodopiar com voltas e invertidos, quedas e boleros, polkas e valsas…

Por incrível que isto nos possa parecer, não se trata de nenhuma doença invulgar. É apenas um vício novo, mas um bom vicio, diga-se assim de passagem.

Sim, porque até mesmos os mais cépticos se rendem a este prazer, que nem os amigos, nem a família parecem querer entender. Só mesmo quem experimenta consegue perceber…

Ao sentir-me assim, lembro-me de um filme que vi há uns anos atrás, quando ainda nem sonhava em entrar para as danças de salão.

“Billy Eliot”, é delicioso… sim delicioso, e com uma fantástica interpretação de Jamie Bell que agora podemos rever já crescidito (e bem crescidito) no filme “os Amigos de Dean”.

Neste filme conhecemos Billy, um miúdo de 11 anos do interior da Inglaterra, filho de uma família de mineiros, que descobre a dança completamente por acaso.

No clube recreativo lá do bairro, os treinos de boxe em que ele participava por imposição do pai, correm ao lado das aulas de Ballet. Apesar de viver numa comunidade em que a “dança é para raparigas - os rapazes praticam boxe”, Billy não resiste. Dançar é a única forma de se sentir livre e “voar”.

Às escondidas da família, Billy vai aprendendo a dançar, até ao dia em que a sua professora o inscreve na mais prestigiada escola de danças do país. Quanto ao resto…. Bem…. o melhor é verem…

Um filme memorável onde, além de um retrato social único, de um núcleo familiar difícil mas forte e coerente, nos apercebemos que em cada um de nós existe um talento à espera de se revelar… Só é necessário termos a sorte de o encontrar.

Fica a sugestão para um serão em casa… numa noite de verão… enquanto o Poppulum estiver de férias….

Célia Oliveira

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