quarta-feira, março 28, 2007

Dão-se Abraços!





Há dias, a passear na rua de Santa Catarina, no Porto, deparei com um grupo de jovens completamente invulgar.

Eram bastantes, e traziam uns cartazes muito giros onde podíamos ler uma frase simples, mas curiosa: “ABRAÇOS GRÁTIS”.

Não, não me enganei. Esses miúdos (e digo miúdos porque não deviam ter mais que 18 anos) andavam pela rua, descontraidamente, a oferecerem Abraços a todos os que passavam.



Há uma menina das Danças, que nos costuma dizer que os Abraços são uma coisa tão boa, tão perfeita, que deveriam ser banalizados. Toda a gente deveria tornar o Abraço num acto tão habitual que este passaria a ser banal, como respirar.

Ela chega à nossa beira e abraça-nos com força enquanto diz “vamos banalizar o Abraço?”

Ao passar pelos cartazes de “Abraço Grátis”, na Rua de Sta Catarina, não consegui deixar de me lembrar desta minha amiga…

Mas, voltando aos Abraços, gostei mesmo muito da ideia de receber um abraço, mesmo que seja de um desconhecido.

Não queria ficar demasiado lamechas, mas há tanta coisa bonita que podemos partilhar com os amigos e até com quem nem conhecemos, mas a maior parte das vezes nem nos lembramos disso, é preciso um bando de miúdos nos aparecerem à frente com cartazes, para que nos caia a ficha. Impressionante, não é?

Porque é que raramente nos lembramos destes simples prazeres?

Por isso, a todos os meus amigos das danças, e a todos os alunos desta escola que eu não conheço, hoje mando o meu Abraço. É Grátis!!!! Mas é sentido!

Beijinhos (Abraços) e Boas Danças

Célia Oliveira

segunda-feira, março 26, 2007

A menina dos patins





Sempre gostei de patinagem, em especial dos campeonatos que davam na televisão, algures num país frio do gelo. Os pares maravilha, magros de competição, olhares expectantes, penteados apanhados e muitas flores no final da actuação… Achava que os júris eram injustos para com tanto esforço físico, só de olhar para aquelas caras ofegantes, olhares ansiosos e conversas furtivas com a treinadora, normalmente uma senhora de meia-idade gorda, farta de massajar o par nas costas ou nos pés, com o olhar fixo no quadro de pontuação, enquanto consolava o par com beijos fugidos de preocupação.

Acabaram os campeonatos na televisão, nunca mais vi campeonatos de patinagem artística no gelo. Para minha consolação, já só tenho a menina dos patins do hipermercado. Com destreza desloca-se pelos corredores esguios, entre prateleiras de produtos e filas de compradores nas caixas. Não tem o ringue de gelo nem o público nas bancadas para aplaudir, mas a rádio debita um som alegre lá das alturas, entre anúncios de promoções e chamadas à caixa central. Os patins não são em lâmina mas as rodas são suficientemente robustas para deslizar com destreza pelos quadrados de tijoleira do hipermercado. Sigo-a até sumir no último dos corredores e imagino-a a receber flores e aplausos no final do dia, a menina dos patins!

De Campos

sexta-feira, março 23, 2007

O Baile

Uma comédia dançante

Acto I

Cena I

(continuação)

Rosário: Eia, tanta violência! Mas fizeste bem em chamar a polícia e muita sorte tiveste tu em não ser assaltada ou violentada. Sozinha, numa auto-estrada deserta. Fico a pensar se as auto-estradas que andam a construir são para aproximar o interior do litoral ou se simplesmente servem para escoar os produtos para o estrangeiro? Eu vou mais pela segunda hipótese, a outra via rápida mais a sul e que estabelece a ligação com Espanha já está saturada. Criam estas novas ligações para trazer Tires para novas estradas. Só sabem vender produtos pela estrada, esqueceram a linha-férrea, abandonaram-na e nem é bom falar na via marítima! Linhas regionais que ligavam importantes centros, totalmente abandonadas. Agora alguns autarcas tiveram a brilhante ideia que seria fantástico transformá-las em ciclo vias. Estupidez atroz! Tanto fundo mal gasto e umas poucas vias a pedirem para serem remodeladas. Vejam o caso da linha que liga Famalicão à Póvoa de Varzim ou da Régua a Vila Real, entre outras. A vegetação já se apoderou da linha e as velhas automotoras apodrecem na estação. Uma outra ligação entre estas cidades nunca foi tão urgente. A Póvoa virou-se para sul e foi transformada no apêndice terminal do metro do Porto, com novas paragens o tempo de deslocação é agora maior e ultrapassa uma hora! Famalicão, apesar de tudo, está numa situação melhor, tem duas alternativas ou para sul, rumo ao Porto, ou para leste, rumo a Braga e a via foi duplicada. Mas quem conhece a cidade sabe que vive muito do trânsito com Guimarães e com a Póvoa para o litoral. Esta teia de cidades equidistantes e que tecem este cenário populoso e caótico entre Braga, Barcelos, Guimarães, Famalicão está mal servido e precisava de uma via férrea que ligasse rapidamente as cidades entre si.

(continua)

De Campos

quinta-feira, março 22, 2007

Os objectivos

Reflexão pessoal



Acredito que, na vida, só nos mexemos para nos dirigirmos para um objectivo que achamos valer a pena; porque, se não for suficientemente importante para nós, a inércia impede-nos de nos movermos. É habitual colocarmos um objectivo na nossa mira e, surpresa das surpresas, pelo caminho, vai-nos surgindo um sem número de objectivos secundários, que se tornam tão importantes como o inicial. Também acredito que, na escolha dos nossos objectivos, devemos sempre avaliar se estes nos viram mais para dentro (centrando-nos no nosso umbigo) ou se nos viram mais para fora (centrando-nos mais nos outros).


Estas reflexões surgem a propósito da minha prática das danças de salão. Eu explico: o objectivo primário inicial era aprender a dançar e divertir-me. Como objectivos secundários seguiram-se a actividade física e lúdica familiar. Gradualmente foram surgindo outros marcos: a convivência social, a alegria de viver, novas amizades, partilhas de vida... E foi (é) bom ver que as pessoas, no geral, também se preocupam com os outros: a entreajuda pessoal dentro e fora das aulas, a sensibilização (muito incentivada pela própria escola) para com os menos afortunados, os cabazes de Natal, o entusiasmo com o trabalho a desenvolver num futuro próximo com a Associação do Minho de Portadores de Trissomia 21... Com tantos objectivos atingidos até posso tolerar certos aspectos menos agradáveis (para mim) das danças: alguns laivos excessivamente machistas para meu gosto, alguns modos mais braçais de conduzir uma dança, o ter de esperar que me convidem para dançar ou, eventualmente, ser “supra-numerária”! Mas, feitas bem as contas, isto são pequenos pormenores técnicos sem importância, porque “valores mais altos se levantam”!

Charlotte

quarta-feira, março 21, 2007

Companhia Paulo Ribeiro

Sábado, 31 de Março – 22h00
Malgré Nous, Nous Étions Là
Companhia Paulo Ribeiro
Dança
Grande Auditório, Centro Cultural Vila Flor
Preço: € 10,00/€7,50

“Malgré Nous, Nous Étions Là” marca o regresso do coreógrafo Paulo Ribeiro ao palco, cinco anos depois de “Tristes Europeus, Jouissez Sans Entraves”. “Malgré Nous, Nous Étions Là” é um dueto do tamanho da vida em comum, ou pelo menos da história comum, de Paulo Ribeiro e Leonor Keil, coreógrafo e bailarina, mas também marido e mulher. Ao contrário de anteriores criações em que existia uma tentativa, mesmo que irónica, de contextualização, esta peça é, segundo Paulo Ribeiro, um objecto "inexplicável". É por isso que há uma pilha de livros no palco – não servem para nada. Paulo Ribeiro entra em cena a falar disso: "Normalmente contextualizo, mas a Leonor acha que me repito. Desta vez não vamos reflectir sobre o estado do mundo, não vamos comparar o nosso trabalho com o de outros coreógrafos, não vamos usar os suportes da dança contemporânea. Ou seja: não vamos dançar nus, nem em silêncio".
Baseado em textos de Gonçalo M. Tavares, com música de Bernardo Sassetti, Gilbert Becaud e Bárbara Travadinha, “Malgré Nous, Nous Étions Là” vive do atrito entre o corpo totalmente feito para a dança de Leonor Keil e o corpo pesado de Paulo Ribeiro, que não acompanha a vontade do seu coração de estar em palco.

Ficha artística

Coreografia e interpretação PAULO RIBEIRO e LEONOR KEIL
Música BERNARDO SASSETTI, GILBERT BECAUD, BARBARA, TRAVADINHA
Desenho de luz NUNO MEIRA
Vídeo PAULO AMÉRICO
Operação de luz CRISTÓVÃO CUNHA
Operação de som e vídeo PEDRO TEIXEIRA
Co-produção COMPANHIA PAULO RIBEIRO
CENTRE CHORÉGRAPHIQUE NATIONAL DE CAEN / BASSE- NORMANDIE
Produção executiva COMPANHIA PAULO RIBEIRO (SANDRA CORREIA)
Duração 55 minutos (sem intervalo)
Público-alvo maiores de 12 anos
Estrutura financiada pelo MINISTÉRIO DA CULTURA – Instituto das Artes
Residente no TEATRO VIRIATO, Viseu
Apoios CÂMARA MUNICIPAL DE VISEU
CÂMARA MUNICIPAL DE LAGOS
TEATRO VIRIATO
TEATRO NACIONAL S. JOÃO
CENTRO CULTURAL DE BELÉM
CENTRO CULTURAL VILAFLOR
TEATRO ACADÉMICO GIL VICENTE
TEATRO MUNICIPAL DE BRAGANÇA
TEATRO MUNICIPAL DA GUARDA
Agradecimento HOTEL MONTEBELO

segunda-feira, março 19, 2007

As coisas insuportáveis

Talvez porque o dia hoje está mais cinzento, quero falar das coisas mesmo chatas, aborrecidas, difíceis e que às vezes tendem a prolongar a agonia e nos levam ao desespero. Não há como uma noite mal dormida para tornar tudo num suplício e nem mesmo uma chávena de café pode acudir, então quando o café ou a meia de leite vem a ferver, não pode haver coisa mais insuportável. Queima-te o céu-da-boca, as gengivas, os lábios, não saboreias nada o café e podes contar num instante com erupções cutâneas repentinas de tipo aftas ou uma outra alergia qualquer. No local de trabalho é sempre mais penoso porque a pressa é muita e se o café não está a uma temperatura bebível não vai ser hoje que tomas o café. São também por demais as ocasiões em que a oportunidade de tomar o café se esvai, isto porque o trânsito está verdadeiramente infernal e, ainda por cima, na recta final, não há sinais do trânsito fluir. Está na hora de deixar os meninos na escola, ou na hora de os ir buscar e não há como estacionar em segunda e terceira fila, os outros esperam. Também há quem sofra deste mal em casa e não arranje estacionamento porque há uma escola por perto ou um outro serviço público qualquer.

No final do dia passas pela padaria, já há poucos pães à escolha, só alguns miseráveis restos mal cozidos. Optas por levá-los, na certeza, porém, que encravarão na torradeira e que lá terás que usar a técnica da faca para os tirar, correndo sempre o perigo de morreres electrocutado. Os trocos que tens na carteira, sim, essas moedinhas bronzeadas que andam aí a baloiçar há meses, não chegam para pagar o pão. Queres pagar com Multibanco mas a menina do atendimento só aceita dinheiro e diz-te ironicamente: “Há um Multibanco ali fora!” Regressas a casa finalmente, depois de um dia de trabalho estafante, e como não conseguiste lugar para o carro, optas por estacionar na garagem. Tens ainda que abrir a caixa do correio e não te apetece mesmo nada levar toneladas de lixo de papel para a reciclagem. As verdadeiras cartas que te fazem feliz tardam, ainda não é desta que és finalista do Reader’s Digest ou de outra empresa de marketing qualquer! À hora do jantar telefonam-te do banco ou de um outro lado qualquer com uma promoção espectacular e tu tens que simular um orgasmo ou uma outra coisa qualquer para não os mandar à merda! São as coisas insuportáveis, o que nos vai valendo é sempre o outro lado, o das coisas simples!

De Campos

sexta-feira, março 16, 2007

O Baile

Uma comédia dançante

Acto I

Cena I

(continuação)

Rosário: E vão entendidos na matéria à televisão defender que no Norte as estradas nacionais servem perfeitamente. Eu ouvi o arquitecto Rebelo de Sousa recusar a proposta da construção de auto-estradas. Até concordaria com ele se as nacionais não passassem perto de populações. O caminho é às vezes tão estreito que nem espaço há para passeios pedonais. Só falta as casas entrarem pela estrada; fizeram variantes nas principais cidades, mas deixaram as freguesias crescer em fogos fantasmas e para cima das rodovias. O volume de trânsito aumenta de dia para dia, mais carros, mais motociclos, mais camiões. Não criaram alternativas e havendo uma só via, os acidentes em proporção aumentam. São os cruzamentos mortais, os choques em cadeia, os atropelamentos com fuga e, para infernizar ainda mais a vida de quem circula, os mirones, que fazem questão de deixar os carros na berma da estrada para ver o que se passa.

Conceição: Já era! Há alternativa sim Senhor e chama-se auto-estrada. A pagar, muito bem, mas com um tapete fantástico, anti-derrapante, lisinho, perfeito para aquecer os motores. Tenho esticado bem o meu Audi e nas descidas já atingi quase os duzentos e vinte. Só tenho mais medo à noite. Há uns dias tive que ir a Vila Real em trabalho e quis experimentar novo traçado, apesar de ser mais caro! Regressei já de noite e não é que um fulano se colou a mim e olhem que eu não ia a cento e vinte! Dava-me sinais de luzes e guinava o carro bruscamente. Comecei a ficar com medo, mas não podia fazer nada a não ser acelerar ainda mais. A certa altura, a besta ultrapassa-me e aperta-me de tal forma que foi por sorte não ter chocado com os railes de protecção. Fiquei danada e juro que não sei onde fui buscar forças, mas fiz-me à estrada de novo, liguei o turbo até conseguir chegar o suficientemente perto para ler a matrícula do carro. Deixei-o ir e liguei para a polícia que me puseram em contacto com a Brigada de Trânsito. Pois fiquem sabendo, já a descer para o Porto, interceptaram o gajo e conduziram-no até à estação de serviço. Quando estava a passar no sítio, vi que estavam lá a conversar com o gajo e resolvi pedir satisfações. Se eu tivesse uma pistola, dava-lhe um tiro nos cornos. A sorte dele foi o polícia me ter segurado pelos braços...

(continua)

De Campos

quinta-feira, março 15, 2007

Latinas na Trofa

É engraçado apercebermo-nos da dimensão da paixão que é a dança!!! Após quase um ano e meio de participação activa nesta comunidade dançante, pensei que nada me surpreenderia, mas através do PED vivi mais uma nova e inesperada experiência.

No passado domingo dia 11 de Março fui com o professor Fernando Dourado e alguns alunos das turmas de latinas de Braga, que alegremente se disponibilizaram, auxiliar na aula de apresentação na Trofa. Fomos dar a conhecer alguns passos de latinas, procurar desta forma motivar ainda mais os alunos trofenses de danças de salão a mexer os pezitos numa versão mais descontraída e animada. Dar a conhecer como é agradável e alegre uma aula com as cores e os ritmos da salsa, do merengue, do kuduro, da bachata, entre outros.


O ponto de encontro foi no edifício dos bombeiros, onde nos esperava o alegre professor cabeceirense Manuel Lima Leite, impulsionador da iniciativa, que com um espírito enérgico conseguiu despertar a curiosidade dos já praticantes de danças de salão. Quando entramos pensei: “Vamos ficar perdidos neste salão tão grande!!!” A verdade é que o salão quase encheu e não se fez pequeno por pouco. Foi bom ver tantas pessoas, que deixaram os seus lares num domingo à noite, véspera de mais uma semana de trabalho, dispostas a aprender uns passitos novos de latinas. Confesso que não tinha mesmo ideia da quantidade de entusiastas e apaixonados pelas danças que o PED anda a “despertar” por essas terras.

A curiosidade era muita e mal o Fernando encetou a sua aula de demonstração foi vê-los a agarrarem os seus pares e marcar o ritmo.


Assim, comandados pela voz do professor fizemos uma das maiores rodas de merengue que já vi. A cada movimento, a cada música, os sorrisos confundiam-se facilmente com os passos de dança e o que parecera inicialmente muito confuso, era deliciosamente agradável. O tímido ambiente passou a ser cadenciado e prazenteiro.

Após um curto intervalo passou-se a uma dança com coreografia de grupo, o kuduro. Foi simplesmente fenomenal ver o grupo ser contagiado pelos ritmos da música africana.


Foi um “finalzinho” de fim-de-semana muito delicioso, deu um colorido à nova semana que batia à porta. É bom ver pessoas dispostas a viver a dança, a conviver alegremente nuns passitos de dança de salão e de latinas.

Lux

quarta-feira, março 14, 2007

Deve Ser Amor

Vinicius de Moraes

Composição: Vinicius de Moraes / Baden Powell

Sim, sinceramente, amor
Eu não sei o que se passa em mim
É assim como uma dor
Mas que dói sem ser ruim
Sim, é ter no coração
Sempre uma canção
É tão embriagador
Deve ser, sim
Deve ser amor

Samba, samba diferente
Isto é estar contente
Gosto de chorar, de chorar, de chorar
Samba, ritmo envolvente
Como o amor da gente
Samba em chá-chá-chá
Chá-chá-chá
Chá-chá-chá













http://www.youtube.com/watch?v=BfpqYRJONBE

Escolha de

Célia Oliveira


terça-feira, março 13, 2007

Sem Palavras!

Começamos por pedir desculpa ao artista revelação desta semana! Apesar da boa vontade e das qualidades e do potencial imenso deste dançarino, os retratos captados foram já pela noite dentro e estão, por consequência, desfocados e desorientados. A luz está enfraquecida, mas coaduna-se na perfeição com o perfil mais reservado do Selmo. Fez há pouco tempo anos e trouxe para a malta das danças um bolo de chocolate imenso, acompanhado com o respectivo champanhe. Cantámos-lhe os parabéns e desejámos uma vida recheada de danças! Damas e Cavalheiros, apresento-vos o Selmo, o desportista incansável, o dançarino compulsivo!

Selmo, alguma vez vais parar de dançar?

Estás agora no nível intermédio, sentes-te um verdadeiro dançarino?

Quando tropeças e pisas as senhoras como escapas à situação?

Mas o verdadeiro Leão mostra sempre a sua raça?

Por onde vagueias quando danças um Bolero ou um Slow Fox?


Selmo

entrevistado por

Madame X

segunda-feira, março 12, 2007

As coisas simples

Viver sobre o mote das coisas simplesmente simples parece tornar a nossa vida muito mais simples e, logo, feliz. Há momentos que não podem ser contabilizados ou porque acontecem espontaneamente ou porque ocorrem num ápice, num breve instante, mas que nos trazem uma felicidade indescritível, uma sensação de bem-estar que tem ainda, além de todo o bálsamo, a distinta propriedade de apagar todo o cinzento, todo o negro das nossas vidas. Não estou obviamente a falar no prazer em comprar roupa nova, um novo carro, ou umas férias magníficas, embora tudo isso possa dar imenso gozo material.

Falo das coisas simples como dar um passeio a pé e sentir uma brisa agradável no rosto; ler um livro que de tão interessante te prende numa leitura compulsiva durante uma manhã ou um dia; acordar de manhã, preparar o pequeno-almoço e sentir o cheiro do café a dissolver-se no leite da chávena ou o aroma da manteiga a derreter-se nas torradas acabadinhas de fazer; conduzir para o trabalho em marcha lenta, de tão absorvido que vais na música que o teu leitor de rádio debita; acalmar com o jacto quente do chuveiro depois de uma hora de exercício nas máquinas do ginásio; deambular nas compras do supermercado e vibrar com as cores vivas dos legumes e da fruta; trabalhar incansavelmente e receber a surpresa de um sorriso aberto e inesperado; por último, e tendo em conta tudo o que de bom e num instante me esqueci e não mencionei, dançar uma valsa, uma rumba ou um tango agradavelmente sintonizado com o nosso par!

De Campos

sexta-feira, março 09, 2007

O Baile

Uma comédia dançante

Acto I

Cena I

(continuação)


Maria: O melhor é esquecer mesmo a bicicleta, o autocarro, o metro e ir a pé! Pena é eu não trabalhar aqui em Braga e ter que me deslocar todos os dias vinte e tal kms até Guimarães. E não tenho alternativa. Ou uso a auto-estrada, metade do caminho a subir, metade do caminho a descer, simplesmente porque não tiveram dinheiro para furar a montanha, ou vou pela nacional, um calvário de curvas e contra curvas, legado do nosso antigo regime, um estaleiro permanente de obras e mais obras. Querem saber mais, eu acho que fazem de propósito estas companhias de construção civil, o estado é mau pagador, então, prolonga-se ad eternum as obras de beneficiação, como eles gostam de as apelidar! Para além disso, suspeito que sejam os mesmos compadres a tomar conta das duas vias, da auto-estrada e da nacional. Há que os pôr a passar nas portagens a pagar para começar a fazer render o peixe, as obras na nacional hão-de os fazer concluir do desperdício de tempo que é viajar pela nacional e como é preferível uma viagem no tapete novo e de um só sentido na auto-pista! E bate certo, senão reparem: a via rápida Braga – Guimarães foi concluída há pouco tempo, não porque o Estado estivesse muito interessado nos problemas dos lá de cima, foi preciso os autarcas berrarem bem alto, mexerem muito os cordelinhos e ameaçarem com uma queixa no tribunal europeu, para a máquina burocrática e centralizadora do estado de alguns portugueses nomear uma comissão que terá concluído que a auto-estrada para os analfabetos lá de cima poderia ser feita por privados, auto-gerida e paga a posteriori pelos condutores através de portagens! Como os subsídios europeus estavam a ser absorvidos na sua maior parte pela área metropolitana de Lisboa para construções em betão megalómanas: mais uma ponte a montante, mais um túnel, mais uma circular cral, crel, cril, crol, crul, mais uma extensão do metro, mais um parque subterrâneo, mais uma renovação pombalina, mais uma expo, mais um mega estádio, mais uns milhões para Lisboa capital da cultura, capital da moda, capital do desporto, capital do lazer... no resto do país, que são uma espécie nativa muito primitiva e com sotaques estranhos, com a excepção do Algarve, onde estão os ingleses e onde muitos lisboetas têm casa, podem esperar, afinal são tão poucos e estão todos emigrados, vêm cá só no verão, as nacionais servem muito bem e têm um ar bucólico com tantos buracos!

(continua)

De Campos

quinta-feira, março 08, 2007

ABBA


Amiguitos, chamem-me o que quiserem, mas a verdade é que, de vez em quando, lá me dá uma de nostalgia e ponho a tocar o meu CD dos ABBA.

Esse grupo de roupas florescentes, cabelos compridos, e musicas fantásticas, que faz parte do meu imaginário e memória infantil, mas que ainda hoje ouço com enorme satisfação.

Para recordar algumas das suas músicas, e aproveitar para dar um pezinho de dança, fui até ao youtube, buscar algumas músicas dos abba, com as quais podemos praticar uns passos.

Espero que gostem.

Beijos. Boa semana e Boas danças.

Célia Oliveira


Chiquitita:

http://www.youtube.com/watch?v=TundchcwGzA

Dancing Queen:

http://www.youtube.com/watch?v=7GFpMb0sOaw&mode=related&search

Waterloo:

http://www.youtube.com/watch?v=cjt7eU88xUA

Fernando:

http://www.youtube.com/watch?v=4ohr4P8E_io

Thank you for the music:

http://www.youtube.com/watch?v=WauFkb4jmCI

quarta-feira, março 07, 2007

Milonga da Casa Velha

Braga, ao Bom Jesus

17–21 Horas

Todos os 2º ou 3º Domingos do Mês

Próxima Milonga, 11 de Março, Domingo, a partir das 17 horas!


Ver Agenda Milongeira em http://www.geocities.com/gatomilongueiro/

TLM. 933263158


terça-feira, março 06, 2007

Sem Palavras!

Mada não é aprendiz de feiticeira, mas aprende danças de salão há um bom ano e meio. Diverte-se imenso à sexta-feira. O pessoal está sempre a espreitar pela porta para ver quando é que ela aparece. É assídua ao baile de sexta, mas os afazeres profissionais arrasam com ela. Só se pode bailar com a Mada já depois de um aquecimento bem prolongado! Esta Diva tem energia para dar e vender, para não falar na simpatia. Teima em bailar de botas, o que lhe dá um estilo moderno e independente, mas são vários os pares que deixaram o salão a mancar por causa das poderosas botas!

Mada, és menina para usar sapatos de bailarina em vez das poderosas botas?

Sabias que o teu estilo sofisticado e independente arrasa no salão?

Qual foi o piropo mais giro que te sussurraram entre danças?

Já alguma vez tiveste que recusar uma dança por excesso de ansiedade e nervosismo diante de ti?

A dança é paixão continuada ou é um romance de verão?


Mada

entrevistada por

Madame X

segunda-feira, março 05, 2007

O meu nome é Conde

Dá-me um certo gozo escrever estas linhas porque actualmente é o meu programa preferido na televisão. O título original da série americana que passa no canal dois no serão de sábado é My name is Earl. A história gira em volta de Earl, um homem que procura rectificar tudo que de mal causou ou provocou em terceiros. Conde de nome, Earl é nobre em sentimentos e age por pura vontade própria, arrastando consigo todo o núcleo familiar e o círculo de amigos mais próximos para a sua luta pessoal em repor o bem e a justiça. Para sobreviver vai fazendo uns biscates aqui e ali, ajudado quase sempre pelo irmão Randy, também bom de coração mas muito indolente e esquecido. Ainda há a Joy, sempre a rir e a mascar chiclete, ex-mulher de Earl, egoísta por natureza e casada com Darnell, a bondade e a paciência em pessoa, o homem caranguejo ou Crab Man como Earl o apelida.


Quando, por exemplo, o único vendedor de cachorros da vila vê os seus clientes serem aliciados pelas promoções da cadeia de hambúrgueres que acabou de se instalar na terra e vê o seu amigo Earl, juntamente com Randy, a distribuir os panfletos promocionais, declara guerra, chegando ao confronto pessoal. Earl tem uma nova missão e mais uma reposição a considerar da imensa lista de eventos que tem para emendar. De um argumento pode-se fazer, na minha opinião, uma excelente série. São vidas comuns, de gente simples, mas recheadas por um boquet de flores de escolhas variadas, nem sempre felizes, nem sempre más, mas essencialmente hilariantes. Uma sátira colectiva à vida na América profunda, aos hábitos grotescos e obsessivos das personagens, mas um hino igualmente à fraternidade e à felicidade dos homens.

De Campos

sexta-feira, março 02, 2007

O Baile

Uma comédia dançante

Acto I

Cena I

(continuação)

Rosário: É verdade que as paragens são miseráveis, mas na cidade, à custa da publicidade o município sempre vai deixando que as empresas de mobiliário urbano, como se gostam de auto-apelidar, se instalem e montem umas paragens todas envidraçadas, com espaço a triplicar para a publicidade. É disso que elas vivem, os bancos da paragem podem ser mínimos, mas o consumidor tem que gastar a eternidade do tempo de espera com alguma coisa e a publicidade está sempre a rolar! (...)

Desisti do serviço público do autocarro quando comecei a chegar tarde à empresa. As desculpas já não serviam, comprei o carro, mas continuo a ter dificuldades para ser pontual, tenho que me levantar na mesma cedo, as filas de carros são cada vez maiores e nunca encontro sítio para estacionar. Deixo o carro a vinte minutos e vou a pé. Não é o que a sociedade portuguesa de cardiologia aconselha? Faço um pequeno exercício, o pior é quando chove e faz muito frio! Preferia o autocarro se da minha zona a oferta fosse maior. Tudo era diferente se criassem vias só para autocarros, as que há são mera operação de cosmética! Era preciso deixar o autocarro ir a todo o lado e impedir a circulação de mais veículos em ruas do centro da cidade. Só o autocarro verde e bicicletas, amigos do ambiente.

Conceição: Em Portugal não resulta, São! Não viste o que fizeram nas vias novas da cidade, pistas para bicicletas, um balúrdio em dinheiro para cimentar ainda mais, e o resultado? Nem viva alma! Entretanto, os reflectores catitas que puseram metro a metro e a separar a pista da via desapareceram, estão virados do avesso, foram vandalizados! Também não admira que ninguém vá para lá de bicicleta, as subidas são a pique.

Rosário: Noutras zonas da cidade mais planas podiam simplesmente traçar uma linha branca no chão, como fazem em Amesterdão ou noutras cidades do centro da Europa, com um ou outro sinal vertical a alertar para a circulação de velocípedes. E no centro, onde os fontanários e as rotundas são colossais e agora virou moda criar zonas pedonais, nem que seja por cima de parques de estacionamento ou viadutos, era fácil pintar o chão com listas brancas... Não há vontade! A bicicleta continua a ser encarada simplesmente como um brinquedo giro de verão ou de fim-de-semana solarengo!

(continua)

De Campos

quinta-feira, março 01, 2007

La Bailarina

Cierta vez una bailarina con sus músicos había arribado a la corte del Príncipe de Birkasha. Y, admitida en la corte, bailó ante el príncipe a son del laúd, de la flauta, de las tablas y tambores, y de la cítara. Bailó la danza de las estrellas y la danza del espacio, y por último la danza de las flores al viento. Luego se detuvo ante el Príncipe e inclinándose, le hizo una reverencia.
El príncipe emocionado le pidió se acercara y le dijo:
" Bella mujer, hija de la gracia y del encanto, de donde viene tu arte? Como dominas tú la tierra y el aire en tus pasos
y el agua y el fuego con tu ritmo y tu cadencia?"

La odalisca se inclinó de nuevo ante el Príncipe y le contestó:
"Su alteza, no estoy segura como responder su pregunta, pero sí sé que el alma del filósofo vive en su cabeza,
el alma del poeta en su corazón, que el alma del cantor vibra en su garganta. Pero que en cambio, el alma de la bailarina,
vive en todo su cuerpo"

Khalil Gibran

Prosa seleccionada

por Célia Oliveira

Dual Drill
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