segunda-feira, abril 30, 2007

A dança é de todos

Ontem, domingo 29 de Abril, comemorou-se um pouco por todo o planeta o dia mundial da dança. Uma celebração por natureza plural teve entre nós algum destaque nos meios de comunicação. No Porto estiveram dos melhores dançarinos de hip-hop e break dance do mundo e em Braga, o Theatro Circo esteve aberto toda a manhã para os curiosos que quisessem participar num atelier de dança com apresentação do resultado final ao público. Neste dia consagrado à dança, pelo menos neste dia a dança é mencionada e discutida.

Quando se assiste a um programa na RTP2 como o Câmara Clara, da autoria de Paula Pinheiro, fica-se, todavia, com a sensação que a dança é exclusivamente para alguns. Discutiu-se apenas dança contemporânea, com a presença de Olga Roriz e de uma académica, a conversa não abarcou mais pontos de vista, limitou-se a enaltecer o trabalho desenvolvido pela coreógrafa e a informar os espectadores da vinda a Portugal de Bill T. Jones e do seu trabalho como coreógrafo e dançarino. Do programa também ficámos a saber que Olga Roriz não gosta de ver espectáculos de outros coreógrafos para não se deixar influenciar. Paupérrimo o programa na visão de uma arte que não tem fronteiras e que é plural na sua essência. Primazia excessiva ao bailado contemporâneo, à pergunta como define a dança, responderam coreógrafos e bailarinos, nomeadamente da Companhia Nacional de Bailado, que de nacional não tem nada e raramente se digna a apresentar os seus trabalhos fora das portas do Teatro Camões.

De Campos

quinta-feira, abril 26, 2007

Etiqueta I

Já lá vão sessenta anos desde que Victor Silvester publicou o seu livro sobre danças de salão em 1947. Victor ganhou em 1922 o primeiro campeonato profissional do mundo de danças de salão. São interessantes mas simultaneamente estranhas ao mundo de hoje as considerações que ele faz sobre o formalismo e a etiqueta das danças de salão. Para alguns de nós umas aulas sobre bem-estar e como se comportar socialmente não faziam nada mal:

É o privilégio do homem convidar a senhora para dançar. Deverá convidar educadamente, utilizando expressões como “Gostaria de dançar?” ou simplesmente “Vamos dançar?” A senhora deve aceitar com agrado a não ser que haja uma razão forte para o não fazer. Poderá ter visto que ele se comporta mal no salão ou que bebeu demais. Neste caso poderá dizer que “não, obrigada”. Contudo, normalmente, aceitará, e se mais tarde descobrir que o parceiro não é um bom dançarino, ela terá que suportá-lo animadamente e fazer o possível para o seguir. Se uma senhora recusar uma dança porque quer descansar por uns minutos, não deve aceitar dançar com outro parceiro até que essa dança em particular chegue ao fim.

Victor Silvester, Modern Ballroom Dancing (Ebury Press 2005, p. 48)

Traduzido e adaptado por

De Campos

segunda-feira, abril 23, 2007

Um ano de vida

Este é o nosso primeiro aniversário enquanto blogue. Estamos de parabéns, não pensava que durássemos este tempo. Na rede global tudo é mais difícil, a fome por notícias frescas e instantâneas não deixa muito espaço a linhas contemplativas e reflexivas. Como blogue, fomos crescendo dentro de um universo muito concreto, a partir das vivências pessoais e de grupo nas danças de salão. Claro está que nem todas as crónicas couberam no espaço das danças, nem todos os comentários se cingiram ao universo do salão, mas não foi esse sequer o propósito. Havia necessidade de escrever sobre a alegria da arte nobre da dança e, simultaneamente, extravasar o âmbito da escrita, atravessar espelhos e salões, abrir o blogue a todas as artes. Não porque fosse obrigatório ou impelido por um desejo de maior protagonismo, mas talvez porque quando se escreve sobre dança vem-nos à memória mil e um desejos, mil e uma formas de expressão artística e a dança, a mais nobre das artes, anda de mão em mão com a música, o teatro, a literatura, a pintura ou o cinema.

Daqui para a frente, os leitores assíduos a este blogue sabem com o que poderão contar: mais crónicas pessoais, mais informação sobre eventos e espectáculos, em suma, mais danças de salão. Do pequeno salão de S. Adrião para o mundo, o blogue viu o número de entusiastas crescer e o seu objectivo há muito que se cumpriu. O desejo maior é que o blogue bailedesexta sirva como aperitivo para mais danças de salão, como motivo para se falar de um passatempo que se tornou vício para novos e velhos e que, indiscutivelmente, trouxe para todos melhor qualidade de vida e um novo horizonte social com a descoberta de novos amigos.

De Campos

quarta-feira, abril 11, 2007

Pausa

Estamos prestes a fazer um ano de vida enquanto blogue. Serve este artigo para reflectir um pouco sobre a nossa actividade cronista neste espaço, se servimos de facto a comunidade dançante, se foi divulgada convenientemente a arte das danças de salão, se o blogue contribuiu para o seu enriquecimento e se os leitores se sentiram com mais vontade de largar tudo e dançar depois de ler um ou outro artigo deste blogue?

Vamos fazer uma pausa para reflectir e pensar o futuro do blogue, em jeito de retiro. Este espaço está aberto, como sempre, a sugestões, comentários e mais crónicas plurais. Até 23 de Abril, data em que retomo o blogue com novas crónicas e artigos, abre-se um compasso de espera que também é preciso para definir rumos e traçar o caminho que queremos percorrer. Até lá muitas danças!

De Campos

segunda-feira, abril 09, 2007

Chocolate Preto

Vem mesmo a calhar a Páscoa para falar neste nosso espaço cibernauta sobre uma guloseima que me tem acompanhado na descoberta das danças de salão e, ao mesmo tempo, na procura de um estilo de vida melhor! Falo naturalmente do chocolate preto, mas mesmo preto, que de tão preto revela a natureza tropical dele, o sabor autêntico do cacau, 70% do ingrediente miraculoso, 72% do ingrediente divino, às vezes 78% de composto de cacau e em ocasiões excepcionais 100%. Desde que li algures num artigo viva melhor ou dieta saudável que o chocolate preto ou amargo com mais de 70% de cacau aumentava os níveis de antioxidantes no organismo, baixando a tensão e melhorando o fluxo arterial, tenho vindo a inclui-lo na minha dieta pessoal.

Tenho um amigo que dança desalmadamente, apaixonadamente e é também um coleccionador de chocolates amargos. Lá em casa tem uma ampla amostra de chocolates pretos e a dificuldade é mesmo decidir o que provar. Chocolates pretos deliciosos com sabor a hortelã ou mais picantes e levemente apimentados, a visita ao meu amigo é sempre gustativa e nos dias que correm se ele se esquece de me oferecer o composto mágico, faço eu sempre questão de lhe pedir um pedacinho, dos mais exóticos que ele traz das imensas viagens que faz. Nesta Páscoa, sem o meu amigo por perto, contento-me com a minha colecção mais caseira, não tão pura, não chega aos 80%, não tão exótica, nem pimenta nem hortelã, mas deliciosa na mesma, com o ingrediente do cacau a fazer as minhas delícias e, por ventura, exagerando um pouco na dose, procuro o bendito cacau nas amêndoas mais escuras, acompanhado de um cafezinho!

De Campos

sexta-feira, abril 06, 2007

O Baile

Uma comédia dançante

Acto I

Cena I

(continuação)

Maria: Sabem o que eu acho... Somos governados por megalómanos! O País é pequeno, apesar do Norte ser muito diferente do Sul, e não estou somente a pensar nas diferenças geográficas, mas a sede de visibilidade e a vontade de chamar a atenção é tanta, que optam sempre por obras de enorme vulto, de uma sumptuosidade esquizofrénica que acaba por revelar um enorme complexo de inferioridade. Trouxeram o metro para o Porto, fizeram-se todos os estudos necessários? Optou-se realmente pelo meio de transporte mais viável? Se querem a minha opinião, a escolha foi mais uma vez errada, desajustada e, claro está, exorbitante. Eu explico: alguma vez se pôs em causa o metro? Tinha que ser o metro para a cidade do Porto? Não seria o autocarro uma via mais funcional e mais económica? Modernizava-se a frota, alargava-se o círculo de operações, construíam-se paragens equipadas com tecnologia de topo, transformavam-se ruas e ruelas em vias únicas de circulação do bus. Não, tinha que se escolher a alternativa mais cara, esburacar o centro da cidade todo, abalar edifícios, despejar centenas de famílias, enterrar rios de dinheiro numa tuneladora, a maior parte do tempo avariada, uma vez que as características do solo eram inconstantes! Depois não se contentaram só em montar o estaleiro na cidade, havia que expandir a área de acção do metro para torná-lo no maior da Península Ibérica, no maior da Europa, no maior do Mundo! Confundiram tudo, áreas suburbanas passaram a serem incorporadas em áreas metropolitanas, cidades com vida própria, como Vila do Conde ou Póvoa de Varzim, passaram a ser ramais e a população do Porto continua mal servida, pois, como o dinheiro se gastou todo, houve que cortar nas rotas de autocarro existentes! A última das birras do Conselho de Administração do Metro do Porto dá pelo nome de aeroporto. O Serviço de Transportes Colectivos do Porto tem um serviço directo, 24 horas, que liga o centro do Porto em vinte minutos até ao aeroporto, mas havia que levar o metro até à gare de chegada dos voos internacionais!

(continua)

De Campos

quarta-feira, abril 04, 2007

Susana Baca

Sábado, 07 de Abril – 22h00
Música
Grande Auditório, Centro Cultural Vila Flor
Preço:
1ª Plateia – € 15,00 / €12,50 c/desconto
2ª Plateia – € 12,50 / €10,00 c/desconto

Apontada pela crítica como a grande embaixadora das tradições mestiças afro-peruanas, Susana Baca apresenta em concerto o mais recente trabalho “Travesias”, que surge quatro anos depois do álbum "Lamento Negro" (2002) que lhe valeu um Grammy. Na bagagem, a cantora peruana traz canções em castelhano, francês, inglês, italiano e até uma em português: Estrela, que no disco se ouve interpretada em dueto com Gilberto Gil, seu autor.
Susana Baca é frequentemente comparada a Cesária Évora, ou às cubanas Célia Cruz ou Omara Portuondo, pelo trabalho que tem desenvolvido a partir da vertente mais africana das tradições populares do seu país, onde são também muito fortes as raízes indígenas e a influência europeia.
Susana Baca nasceu em Lima, no Peru, e cresceu numa pequena cidade costeira chamada Chorrillos, nos arredores da capital. O seu pai era motorista de uma família rica, a sua mãe cozinheira. O pai era cantor e guitarrista amador, tocava músicas tradicionais peruanas que escutava dos povos dos Andes que vinham junta à costa na época da colheita do algodão. Embora sempre quisesse ser cantora, estudou para professora, para satisfazer a sua mãe. Farta de bater a portas para pedir apoio – porque, como explica numa entrevista, é negra e canta música negra – com o seu marido, Ricardo Pereira, criou a sua própria editora para gravar o primeiro disco. Em 1995 recebeu um telefonema de David Byrne que lhe disse querer encontra-se com ela. Foi o primeiro encontro no que se veio a revelar uma parceria artística frutuosa. O reconhecimento internacional surgiu em 1996 com “Maria Lando”, um tema retirado do álbum “The Soul of Black Peru”, produzido por David Byrne e lançado pela editora do músico, Luaka Bop. Desde então, mantém-se a parceria artística entre Susana Baca e o ex-Talking Heads que contribuiu para a divulgação da música da cantora peruana nos EUA e na Europa. Actualmente, Susana Baca tem um lugar garantido em qualquer catálogo de world music que se preze e é um dos nomes maiores da canção sul-americana.

Ficha artística
Susana Baca, voz
Sérgio Valdeos, guitarra
Hugo Bravo, percussão
Juan Medrano, ”cajón”
David Pinto, baixo

http://www.youtube.com/watch?v=_ZkrAoGyXIw

segunda-feira, abril 02, 2007

Musicais na RTP2

Os bons programas na televisão, como já é hábito, dão tarde e a más horas. Esta semana não é excepção e o canal dois da RTP prepara-se para brindar o público das danças com musicais antigos, clássicos do grande ecrã no género musical, mas esplendorosos e irrepetíveis. Claro que o principal protagonista em dois dos famosos musicais é o mago das danças, o eterno Gene Kelly. Na terça a televisão brinda-nos já bem depois da meia-noite com Sete Noivas para Sete Irmãos, o musical que celebra o velho oeste e lhe dá um toque de romantismo e arte com muita dança e música desde o rústico celeiro.

Claro está que o toque de classe chega na quarta na mesma rubrica As noites da dois com o Gene Kelly a arrebatar-nos com a sua fabulosa actuação no famoso musical de Vincente Minnelli: Um americano em Paris. As músicas célebres só podiam ser do Gerschwin e o dançarino contracena com uma surpreendente Leslie Caron! Na quinta é só deixarmo-nos encantar pelo soberbo musical concebido pelo próprio Gene Kelly em Singin’in the Rain. Uma semana para desfrutar as danças míticas também no grande ecrã!

I'm singing in the rain Estou a cantar à chuva
Just singing in the rain Só a cantar à chuva
What a glorious feelin' Que sentimento glorioso
I'm happy again Sou feliz de novo
I'm laughing at clouds Estou-me a rir para as nuvens
So dark up above Tão escuras lá em cima
The sun's in my heart O sol está no meu coração
And I'm ready for love E estou pronto para o amor
Let the stormy clouds chase Deixem as nuvens negras levar
Everyone from the place Toda a gente do seu lugar
Come on with the rain Venha a chuva

I've a smile on my face Tenho um sorriso na cara
I walk down the lane Caminho na estrada
With a happy refrain Com um refrão feliz
Just singin', Só a cantar,
Singin' in the rain A cantar à chuva

http://www.youtube.com/watch?v=AQbQWnaK8HI

De Campos

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