quarta-feira, maio 21, 2008

Memória

A dança é um exercício de memória.

Um bom dançarino tem sempre uma boa capacidade de memorizar os nomes dos passos e os movimentos.

Mas porque nos falta a memória?

A vida seria insuportável com uma memória imensa.

Todos os traumas, todas as dores estariam sempre presentes.

Teríamos medo de agir, medo de repetir os erros.

A memória é um grande jogo de tetris, em que as novas recordações vão caindo sobre as antigas.

As recordações antigas não morrem, apenas se vão afundando e desvanecendo.

A fragilidade da memória é o grande sinal da nossa humanidade.

Tudo isto me veio à ideia a propósito do “escândalo” que foi a constatação de que os jovens (e não só) não têm ideia de acontecimentos passados (alegadamente) relevantes.

Para muitos, o 25 de Abril, o 1º de Maio, o 5 de Outubro, etc. são apenas feriados.

Como cantava o Carlos Paião: «Viva até S. Bento se nos arranjar muitos feriados para festejar».

Vivemos nesta alegria, que não é só de hoje.

Já quando Trajano cá passou encontrou um povo que não se governa, nem se deixa governar.

Deixo aqui a minha memória do 25 de Abril:

Passou à minha porta uma vizinha assustada, dizendo que em Lisboa os tanques estavam na rua.

Lembro-me de pensar que os Lisboetas eram uns grandes malucos que decidiram lavar a roupa no meio da rua…

Afinal, memória cada um tem a sua…

Por isso é que vamos dançando uns para cada lado!

Fernando Vilas Boas

sexta-feira, maio 16, 2008

A pessoa a meu lado

A dança faz-se em pares.

Faz-se com pessoas.

Não dançamos com uma cadeira, ou um objecto.

Dançar é um acto profundamente humano.

O contacto físico não é irrelevante.

Obriga-nos a pensar no outro.

Na dança genuína não há egoísmo.

É um abraço embalado pela música.

A sensação de um bom abraço não pode ser posta em palavras.

Como tudo o que verdadeiramente tem valor.

Num bom abraço não precisamos de falar.

Num bom abraço recebemos vida.

Recebemos paz, esperança, conforto, serenidade.

Recebemos confiança.

A força de um abraço não tem li

mites.

Quantas depressões se curariam com abraços!

Um simples abraço a uma árvore permite sentir uma energia sem fim.

Num abraço tem-se a estranha sensação de não dar nada. Apenas se recebe.

Um abraço não tem contra-indicações.

Porém, são poucos os abraços.

É que são necessárias duas pessoas para um só abraço.

Na verdade, quando não damos abraços, não recebemos abraços.

Ficamos á espera do abraço do outro, que não nos dá o seu abraço porque está à espera do nosso.

Temos medo do que os outros pensam.

Falta a coragem de quebrar o ciclo.


Estamos habituados a valorizar o que se dá.

Nos abraços o valor está na disposição para receber.

Mas quem está disposto a declarar que todos os abraços são bem vindos?

Sem limites!


Aquele abraço!

Fernando Vilas Boas

terça-feira, maio 06, 2008

Bailando














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