O dançarino escolhe a roupa e ensaia uma coreografia, tudo até ao pormenor.
Quando a musica começa, desliza com um sorriso nos lábios.
Parece o espelho da felicidade.
Mas a dança é mais do que isso.
É o equilíbrio entre a arte e o sacrifício.
A alegria parece que abafa a tristeza.
Mas a tristeza faz parte da vida. Está lá.
Lembra-me o circo.
Confesso que o circo me deixa triste. Não vou ao circo.
Não consigo esquecer as dificuldades com que normalmente vivem os artistas.
Acima de tudo, não consigo esquecer que no espectáculo vão escondidos os problemas, os buracos na tenda, o rasgão no fato e até, quem sabe, o prato vazio.
Para mim, o palhaço é o mais trágico de todos.
O mais triste dos tristes é o que ri por fora mesmo quando chora por dentro.
SEX 29 JUN | 22H00 BAJOFONDO TANGOCLUB COM GUSTAVO SANTAOLALLA GRANDE AUDITÓRIO
O Centro Cultural Vila Flor foi o palco escolhido para o arranque da Digressão Europeia 2007 do Bajofondo Tangoclub, cujo líder é o músico argentino Gustavo Santaolalla, galardoado no passado mês de Fevereiro com o Óscar de Melhor Banda Sonora Original pelo seu trabalho em "Babel", de Alejandro González Iñárritu. No ano passado, recebeu o Globo de Ouro e o Óscar pela Banda Sonora do filme "O Segredo de Brokeback Mountain", de Ang Lee.
Quem esteve na oficina de introdução ao Tango em Fevereiro, naquela tarde de Domingo chuvosa, ficará com certeza nostálgico perante os dias de dilúvio que nos assolam agora em Junho. A água copiosa que rasga os céus cinzentos não está para brincadeiras de S. João e o baile terá que ser celebrado no salão. Nestes dias de muito vento e chuva abundante só penso em Tango.
Comprei há pouco tempo o segundo álbum dos Gotan Project, que para muitos é um projecto demasiado comercial, mas que para mim tem o mérito de relançar o Tango como um ritmo universal. O álbum Lunático é fiel às origens tangueras e reconhece-se facilmente na corrida frenética da batida electrónica os sons apaixonantes do Tango. Ali está o acordeão a chorar as suas notas de amor latino e o piano desconcertante e nostálgico entre o ritmo cada vez mais alucinante do sintetizador. Em Notas são os africanos e os batuques nas pampas da Argentina que são evocados, um gaúcho, uma guitarra e a passada milonguera. Assim nasceu o baile numa mescla de europeus, negros, índios. No rio de La Plata num bom dia assim nasceu o Tango.
O Centro Cultural Vila Flor volta a acolher, entre 9 e 14 de Julho, mais uma edição da Semana da Dança. Este ano, a coordenação e a direcção artística estão a cargo da bailarina e coreógrafa Clara Andermatt. Amélia Bentes, António Oliveira, Margarida Bettencourt, Vítor Rua e Peter Michael Dietz são os formadores dos laboratórios coreográficos.
Clara Andermatt escolheu cinco professores com técnicas, linguagens e estilos bem diferentes. Segundo a coreógrafa, “o trabalho a realizar ao longo desta semana pelos diferentes formadores terá como objectivo comum conduzir o corpo e a mente para um estado de pensamento criativo baseado na entrega, na disponibilidade, na abertura e surpresa de nós próprios.”.
As inscrições já estão abertas e serão aceites até ao dia 30 de Junho.
Para se inscrever na Semana da Dança, basta preencher a ficha de inscrição disponível no site www.ccvf.pt As inscrições poderão ser enviadas por e-mail geral@aoficina.pt, por fax 253424710, ou por correio para a morada: Centro Cultural Vila Flor Av. D. Afonso Henriques, 701 4810-431 Guimarães
O pagamento poderá ser efectuado na morada acima mencionada ou através de cheque enviado por correio à ordem de “A Oficina, CIPRL”. A inscrição só é considerada válida após efectuado o pagamento. Em caso de desistência, não será devolvida a importância paga no acto de inscrição.
Ao tema de hoje, resolvi chamar AS VOLTAS E O RETORNO.
Já todos notamos que qualquer dança tem habitualmente movimentos circulares, seguindo uma linha em volta da sala.
Aliás, confesso mesmo que duas das minhas muitas dificuldades são dançar a valsa vienense sem ficar com a cabeça e o estômago a andar às voltas e, nas outras danças, “fazer os cantos”.
Para os cantos posso sempre dançar numa tenda de circo, mas para as voltas e mais voltas tenho muito que evoluir.
Até lá posso sempre pensar no porquê das coisas, designadamente no porquê da forma de dançar.
A dança acaba por ser uma repetição de movimentos e passos.
Mas tal não a desvaloriza ou torna desagradável.
Acho mesmo que a dança desacredita o “mito do eterno retorno” de Nietzsche (“A eterna ampulheta da existência será sempre virada outra vez - e tu com ela, poeirinha da poeira !”)
Na verdade, nesse mito viveríamos numa repetição, em que estaríamos condenados a executar eternamente os mesmos passos, bons ou maus.
A repetição acarretaria a «Insustentável Leveza do Ser» (Milan Kundera), pois cada mínima dor ou prazer repetir-se-iam eternamente e assustadoramente.
Qual o saldo dessa repetição?
A felicidade ou a loucura.
Imagino-me numa dança eterna, com voltas sem fim.
Será a beleza e o prazer eterno para alguns.
Cá por mim, ou isto muda … ou vou passar a vida a vomitar.
Faz parte do processo criativo um ciclo de avanços e recuos ou um percurso que se vai fazendo com extremo empenho seguido de um longo período de desolação. Na dança, como na arte em geral, a aprendizagem consome as energias não só nos momentos mais efusivos mas também no vazio do inexpressivo. A alegria maior advém precisamente de um processo criativo que teve os seus altos e baixos. No final, o êxtase que arrebata o artista resume essa dualidade. A arte feita de alegria e paixão, mas com muito sofrimento e desolação pelo meio.
Um cientista famoso afirma convictamente que na investigação científica apenas 10% reflecte inspiração, os outros 90% são transpiração. Para se atingir a quase perfeição artística, o mesmo trabalho é exigido ao artista. Suor, muito suor e um leve toque de inspiração que marca a diferença entre a obra de arte e o trabalho comum. Aos dançarinos pede-se muito suor, sapatos bem gastos, trajes rasgados e divertimento, na certeza, porém, que a desolação faz igualmente parte do processo. Sentir a dor apenas, only pain, como canta a Katie Melua:
Um blogue de danças de salão em Braga. Surge a partir da iniciativa de alguns alunos do baile de sexta em S. Adrião e que, apesar de ainda iniciados nestas andanças, não dormem, não comem, não descansam, só a pensar que na sexta seguinte é noite de danças! Os artigos publicados no bailedesexta reflectem a vivência das danças de salão num universo muito particular, mas pretendem contaminar todos os que nutrem pelas danças uma paixão incontrolável!
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